O Benfica perdeu pela primeira vez no campeonato, frente a um Belenenses que não vencia desde a jornada inaugural - esta foi, aliás, o primeiro triunfo logrado na nova 'casa' - e só pode queixar-se de si próprio. Entre um penálti falhado, oportunidades desperdiçadas e um inspirado Muriel Becker na baliza dos azuis, o rácio de acerto ofensivo da equipa de Rui Vitória foi o pior de sempre nesta edição da I Liga: nulo. E não foi por falta de tentativas: as 'águias' fizeram 25 remates, 18 dos quais dentro da área e 7 enquadrados com a baliza. No entanto, foi a formação de Silas, que tinha dificuldades em passar do meio-campo de forma organizada, a fazer dois golos de rajada e a deitar as mãos aos três pontos.
O Benfica entrou a todo o gás na partida e, com apenas 15 segundos de jogo, Muriel já estava a fazer a primeira defesa do jogo, após remate em arco de Salvio. Logo ali, parecia não haver resquícios da derrota com o Ajax a meio da semana, para a Liga dos Campeões. A pressão dos 'encarnados' era de tal forma intensa que o Belenenses não conseguia encadear mais de três toques por jogada, e cada vez que chegava perto da baliza de Vlachodimos era em situações de contra-ataque rápido. Nesta fase, multiplicavam-se as oportunidades para a equipa visitante: Seferovic (17') e Gedson (20') 'esbarraram' no guarda-redes dos azuis, já depois de Rafa ter visto uma bola sua ressaltar nas costas de Diogo Viana, que estava caído no chão.
No outro lado, um remate acrobático de Eduardo Henrique obrigou Vlachodimos a intervir pela primeira vez na partida, algo inusitado no meio da avalanche ofensiva que foi o Benfica durante aqueles primeiros 30 minutos. Os homens de Rui Vitória já tinham tentado marcar de todas as formas, menos da mais óbvia que chegou quando Salvio (29') reclamou falta de Lucca na grande área, e Artur Soares Dias, por indicação do videoárbitro e após rever o lance, apontou para a marca dos 11 metros. Foi o próprio Salvio quem tentou converter a grande penalidade, mas Muriel adivinhou o lado e impediu a festa do argentino, mantendo o nulo.
Perante isto, nem é preciso dizer o que acontece a quem não marca. Aos 35 minutos Vlachodimos derrubou Licá na área, e Eduardo não perdoou na marcação do penálti, colocando ponto final numa série de quatro jogos do Belenenses sem marcar para a Liga. O Benfica respondeu de imediato, novamente por Gedson, mas o médio atirou a rasar o poste, e os azuis voltariam a marcar contra a corrente (42'), num lance em que o meio-campo e a defesa dos 'encarnados' ficaram a ver jogar. Eduardo pegou na bola no meio-campo defensivo, arrancou pelo centro do terreno e lançou Keita entre Rúben Dias e Jardel. Tendo apenas Vlachodimos pela frente, o guineense atirou com frieza para o 2-0, perante os protestos dos jogadores benfiquistas, por uma pretensa falta no início do lance.
E, de repente, um jogo que tinha tudo para ser fácil para o Benfica transformou-se num pesadelo.
A entrada de Jonas para o lugar de Salvio acalentou a esperança na reviravolta, e a verdade é que o brasileiro demorou apenas três minutos para obrigar Muriel à primeira defesa mais apertada do segundo tempo. Só que o guarda-redes do Belenenses continuava a ser 'pau para toda a obra', até para os lances em que os avançados do Benfica eram apanhados em posição de fora de jogo mas tiravam as medidas à baliza contrária – que o diga Seferovic.
Com o passar dos minutos, a equipa de Rui Vitória foi perdendo força e discernimento, e os homens de Silas começaram novamente a libertar-se da teia 'encarnada', apostando em contra-ataques venenosos - uma boa defesa de Vlachodimos impediu Licá de fazer o 3-0. E mesmo percebendo a estratégia do treinador benfiquista de colocar três homens na frente - Castillo entrou aos 68 minutos -, tirar jogadores que ligam ideias e levam a bola até às zonas de finalização, como é o caso de Pizzi, foi o golpe final nas aspirações do clube da Luz.
O Benfica perdeu o jogo e a oportunidade de se destacar na liderança do campeonato, mas não “quase que por magia” porque “hoje a bola não quis entrar", como veio a lamentar Rui Vitória, que na antevisão a esta partida recorreu a “números e factos” (nem sempre corretos), quando confrontado com os resultados negativos na Champions. Facto é que o Belenenses não vencia as ‘águias’ há mais de dez anos – a última vez tinha sido em dezembro de 2007, com Silas em campo… e Jorge Jesus no banco.
A figura
Muriel: O irmão de Alisson Becker (Liverpool) foi intransponível na baliza. Fez um sem número de excelentes intervenções, desde o penálti que defendeu a Toto Salvio, que representou um ponto de viragem na partida, até ao momento em que se esticou para travar o cabeceamento de André Almeida, já no período de compensação. De realçar, também, a exibição de Eduardo, com um golo e uma assistência.
Reações
Rui Vitória: "Só faltou a bola transpor a linha"
Jonas: "Houve falta de eficácia e não tenho mais nada a dizer"
Comentários