Rui Alves, candidato à presidência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), afirmou hoje que nas eleições de quarta-feira vai definir-se a alteração ou a manutenção do “status quo” do futebol português.

“É isso que está em jogo a 11 de junho e é por isso que os maiores partidos políticos portugueses se envolvem nestas eleições. Pelos interesses poderosos que estão em jogo”, defendeu o ex-presidente do Nacional, em entrevista à agência Lusa.

Rui Alves sublinhou que os dirigentes que o apoiam têm sofrido “pressões enormíssimas vindas dos estados-maiores dos partidos, protagonizados pelos mais diferentes intérpretes”.

“São coias inacreditáveis que eu jamais pensei que pudesse existir num Estado de direito, mas o meu lema é acreditar e vencer, no conforto do voto secreto os dirigentes vão ter que decidir entre a socialização do futebol português ou a manutenção deste estado das coisas”, rematou.

O ex-presidente do Nacional apontou o candidato Fernando Seara, ex-presidente da Câmara Municipal de Sintra, que concorre tal como o atual presidente da LPFP, Mário Figueiredo, às eleições, como o da continuidade e recorda a rábula do peão e dos cardeais.

“Pela primeira vez, em relação àquilo que eu chamei que eram os dois cardeais (Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira), que estava por trás do peão (Fernando Seara), um deles, que joga sempre ao póquer nas eleições, para a opinião pública, não pode dizer que esteve do outro lado. É falso”, referiu.

Benfica e FC Porto, de acordo com Rui Alves, “querem a manutenção deste sistema, que é uma espécie de Telexfree [empresa acusada de fraude financeira com base num esquema de pirâmide ou bolha] do futebol em que eles os dois ganham e todos os outros perdem”, rematando: “E têm estado sempre juntos”.

Aliás, Rui Alves considerou que a eleição de Mário Figueiredo, para substituir Fernando Gomes na LPFP, ficou a dever-se a “uma distração na organização das candidaturas”, que permitiu que vencesse “o candidato do povo”.

Ao atual presidente da LPFP, o dirigente madeirense elogiou a rutura “positiva” para a centralização dos direitos televisivos, mas contestou a “perversão” da não descida de divisão, que considerou inaceitável.

“Infelizmente, Mário Figueiredo deixou-se enredar, por não ter sido o candidato de todo este lóbi, que suporta a lógica do Telexfree no futebol profissional”, salientou.

Rui Alves recorreu à sua experiência no dirigismo desportivo, com uma “gestão exemplar” no Nacional, para se distinguir de Mário Figueiredo, que “não acrescentou nada porque não tinha conhecimento”, e de Seara, a quem não reconhece capacidade de liderança.

“Um homem de comentário, não um líder, que se predispôs a ser peão da estratégia de manutenção do atual sistema”, adiantou, assinalando que o “dado novo que é o facto de Benfica e FC Porto apoiarem o mesmo candidato [Fernando Seara]”.

Na sexta-feira, a LPFP anunciou que foram apresentados quatro dossiês de candidatura, dois em nome de Fernando Seara, um de Rui Alves e outro de Mário Figueiredo.

A "regularidade das listas e a elegibilidade dos candidatos" para as eleições de quarta-feira vai ser anunciada na segunda-feira, de acordo com o comunicado da LPFP.