Bem diferente é a situação do FC Porto, que aproveitando o encaixe com as vendas de Lisandro Lopez, Cissokho e Ibson, saiu do âmbito do artigo 35 do código das sociedades comerciais, ao apresentar 46 milhões positivos de capitais próprios - acima dos 37,5 milhões que representam metade do capital social.

As contas do primeiro trimestre da época 2009/10 revelam definitivamente a dependência dos clubes portugueses da transferência de jogadores. O FC Porto, mais um vez vendedor na última janela de transferências, apresentou um lucro de 23,4 milhões de euros, enquanto o Benfica, comprador, apresentou um prejuízo de seis milhões de euros e o Sporting, habitualmente mais conservador, teve um resultado negativo de 2,3 milhões.

De resto, olhando para as receitas excluindo as obtidas através da cedência dos passes dos jogadores os valores são equilibrados, com o Benfica a gerar 15,7 milhões de euros, o FC Porto 14,4 e o Sporting 10,9.

Em relação aos custos, novamente sem contar com os efectuados na aquisição de atletas, o mais gastador foi o FC Porto (16 milhões de euros), seguido do Benfica (14,2) e do Sporting (10,1).

As diferenças começam a avolumar-se quando se comparam os activos e os passivos das três SAD, com Benfica e Sporting claramente no vermelho.

O FC Porto apresentou um activo de 202 milhões de euros, na que é a primeira vez que uma SAD "vale" mais do que 200 milhões, enquanto o Benfica não está muito longe (189), mas o Sporting está quase a 70 milhões de distância (133).

Quanto aos passivos, a fasquia dos 200 milhões também foi pela primeira vez ultrapassada, neste caso pelo Benfica, que viu este item subir uns apreciáveis 39 por cento para os 207 milhões de euros, no que é o valor mais alto alguma vez apresentado por uma SAD portuguesa.

O Sporting, com uma situação económica igualmente difícil, apresentou um passivo de 151 milhões de euros, enquanto o FC Porto tem actualmente um passivo de 156 milhões.

Finalmente, no capítulo dos custos com o pessoal, maioritariamente consumido com os salários dos jogadores e dos treinadores, o FC Porto lidera a lista com mais de 10 milhões gastos no primeiro trimestre, mais milhão e meio do que os 8,5 despendidos pelos Benfica e mais 4,4 do que os gastos pelo Sporting (5,6).