“Temos assistido nos últimos dois dias a uma estranha manobra de alguém que dentro da estrutura da Liga quer justificar o castigo aplicado a um observador em elementos que de prova pouco ou nada tem”, explicou à Lusa João Gabriel.
De acordo com o Benfica, a Liga tentou numa primeira fase justificar o castigo com “as imagens do túnel e depois com a divulgação completamente descontextualizada de algumas partes do depoimento de Ricardo Maia “(assessor de imprensa dos “encarnados”).
“Estranhamos também a necessidade de justiçar o castigo aplicado e ainda que alguém dentro da Liga deixe passar para a imprensa, ainda que de forma completamente truncada, elementos que estão em segredo de justiça”, afirmou ainda o director de comunicação do clube da Luz.
Desta forma, o Benfica resolveu agir: “Por esse motivo, o Benfica vai pedir já esta segunda-feira a certidão do depoimento do assessor Ricardo Maia, ao mesmo tempo que vai solicitar à Comissão Disciplinar a abertura de um inquérito para apurar a responsabilidade pela violação do dever do segredo de justiça e a identificação da fonte anónima que fomentaram as últimas notícias, com vista à sua punição”.
“Ao delegado em causa, o Benfica nada deve, deve apenas a verdade e a defesa dos factos que verdadeiramente se deram no dia do Benfica-Nacional, nada mais”, frisou à Lusa João Gabriel, acrescentando: “Há, porém, verificamos agora, quem esteja mais interessado dentro da Liga em ‘limpar’ observadores que ousam ser independentes”.
O director de comunicação do Benfica comentou também as palavras do treinador do FC Porto, Jesualdo Ferreira, que sexta-feira, em conferência de imprensa, disse que gostaria de saber o que o delegado ao jogo Benfica-Nacional não terá escrito no relatório.
“O professor Jesualdo pode ficar descansado, porque em relação ao túnel da Luz escreve-se o que se passa e o que não se passa. Não há túnel mais escrutinado no país, ao contrário de outros, em que aquilo que lá se passa continua um mistério”, finalizou.
Sexta-feira, uma fonte da Liga de futebol disse à Agência Lusa que as imagens do túnel do Estádio da Luz e o depoimento do assessor de imprensa do Benfica foram determinantes para a decisão de suspender por 18 meses o delegado João Dias.
“As imagens do túnel (circuito de videovigilância) fornecidas pelo Benfica ao processo demonstram que João Dias não aguardou pelos árbitros junto à cabina depois de alegadamente ir ao controlo anti-doping e à ‘flash interview´’", informou a fonte.
Essas imagens demonstraram que João Dias "seguiu os árbitros no percurso feito no corredor de acesso aos balneários", destinados àqueles, "até à cabina", tendo entrado nesta "imediatamente após os árbitros".
Por outro lado, o testemunho do assessor de imprensa do Benfica, Ricardo Maia, desmentiu a versão de João Dias, ao afirmar que este "nunca esteve na zona do 'flash interview', em especial quando ocorreram "os insultos de Paulo Gonçalves (assessor jurídico do Benfica) aos árbitros".
De resto, e ainda segundo a fonte, foi o próprio Ricardo Maia quem afirmou ter ouvido "tais insultos" ao árbitro Pedro Henriques e à sua equipa e "acorreu ao local".
Na sequência destes acontecimentos, ocorridos após o jogo entre o Benfica e o Nacional, no qual o árbitro Pedro Henriques anulou um golo nos minutos finais aos "encarnados", Nuno Gomes foi punido com dois jogos de suspensão e uma multa de 1.000 euros por "infracção disciplinar", apesar de o comportamento do avançado não ter sido mencionado no relatório de João Dias.
"Tal delegado presenciou, após o jogo, no túnel de acesso aos balneários e junto da equipa de arbitragem, comportamentos injuriosos de agentes desportivos, e tais comportamentos lhe foram comunicados pela mesma equipa de arbitragem", lê-se no acórdão da Comissão Disciplinar da Liga.
A mesma fonte da Liga adiantou que "a Comissão Executiva da Liga não convidou João Dias para a presente época desportiva, razão pela qual não faz parte do actual Quadro de Delegados da LPFP e não por ter abandonado tal quadro a seu pedido".
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