O Benfica reiterou hoje que o instrutor da UEFA que avaliou a queixa do Sporting sobre os ‘vouchers’ oferecidos a árbitros de futebol considerou não haver matéria para abertura de um processo.

A posição dos ‘encarnados’ acontece depois de o departamento de comunicação da UEFA ter dito à Lusa que não houve qualquer decisão do organismo europeu sobre o assunto.

“Deve existir algum lapso ou falha de comunicação, atendendo a que há um desconhecimento do gabinete de comunicação de uma decisão dos órgãos disciplinares da UEFA”, afirmou fonte do departamento de comunicação do Benfica, em declarações à Lusa. “Como poderia haver um recurso se não tivesse havido uma decisão?", questionou.

Em documento contendo a decisão do instrutor, a que a Lusa teve acesso, pode ler-se que, “após cuidada avaliação da queixa, o inspetor de ética e disciplina (...) chegou à conclusão de que o procedimento não deveria ser aberto e a queixa deveria ser devolvida ao requerente”.

Esta decisão, que tem cerca de duas semanas, era passível de recurso para o Comité de Controlo, Ética e Disciplina no espaço de cinco dias, procedimento que o Sporting disse já ter feito.

Neste mesmo documento, considera-se que as ofertas feitas pelos 'encarnados' a árbitros, observadores de árbitros e delegados “aparentemente não violaram qualquer regra de conduta” e que “não foi identificada qualquer violação, pelo menos enquadrada pela jurisdição da UEFA”.

“Tendo também em consideração que a investigação criminal continua em curso em Portugal, que a Federação Portuguesa de Futebol não viu infração disciplinar nas ações do Benfica e que o caso continua pendente no Tribunal Arbitral do Desporto português, não há bases para abrir procedimentos disciplinares”, lê-se ainda no documento.

Na sexta-feira, o Benfica anunciou o arquivamento da queixa, por parte do organismo que rege o futebol europeu, facto negado, posteriormente, pelo Sporting, que defendeu que a UEFA abdicou de abrir um processo disciplinar enquanto o processo corre numa instância nacional, caso do Tribunal Arbitral do Desporto (TAD).

Num programa televisivo, em 2015, entre outras acusações, Bruno de Carvalho referiu que o Benfica fazia ofertas de cortesia a equipas de arbitragem em todos os jogos que poderiam atingir um valor global por época a rondar os 250 mil euros.

A 11 de outubro foram feitas buscas na SAD do Benfica, com vista à recolha de provas para um processo dirigido Ministério Público - DIAP de Lisboa.

No mesmo dia, o Benfica reiterou o seu empenho no “cabal esclarecimento e célere decisão” do caso.

Em comunicado, os tricampeões nacionais disseram então que “solicitaram à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que remetesse uma participação às instâncias competentes, visando promover a averiguação da situação referida no mais curto espaço de tempo”.

A 27 de janeiro deste ano, no âmbito da justiça desportiva, a Comissão de Instrução e Inquéritos (CII) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional anunciou o arquivamento do processo e o Conselho de Disciplina da FPF confirmou a decisão dois meses depois, levando o Sporting a recorrer para o TAD.