O presidente do Conselho de Administração da SAD benfiquista observou que aquele resultado, que sucede ao de 17,4 ME negativos apresentado na época anterior, aconteceu porque foram “apontadas todas as baterias ao sucesso desportivo”, segurando alguns dos elementos mais valiosos da equipa.

“Foi uma opção nossa não fazer essas vendas [de futebolistas]. Estaríamos aqui hoje com outros resultados [financeiros], mas também com outros resultados desportivos”, assinalou Rui Costa, em conferência de imprensa, em referência ao bom início da temporada 2022/23, na qual o Benfica se apurou para a Liga dos Campeões e lidera a I Liga portuguesa, com 10 vitórias em 10 jogos.

O relatório e contas entregue à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) reflete aquela opção, com a rubrica de operações com atletas, na qual são contabilizadas as vendas de jogadores, a cair de 100 ME no exercício anterior para 64,2 ME no atual, uma redução de 35,8 ME e o valor mais baixo dos últimos nove anos.

O líder da SAD ‘encarnada’ lembrou que foram efetuadas “43 operações neste mercado” de transferências, com o objetivo de “reformular todo o futebol profissional do Benfica”, pois era indispensável “equilibrar o plantel, um processo que ainda não está concluído”.

A tentativa de contratação de Ricardo Horta foi um exemplo dessa aposta, com Rui Costa a observar que o Benfica apresentou uma proposta ao Sporting de Braga e que o avançado teria sido contratado, mesmo no último dia do período de transferências e apesar da entrada do alemão Julian Draxler, emprestado pelo Paris Saint-Germain.

Em relação ao relatório anterior, os rendimentos operacionais subiram 75,3 ME, para 169,3 ME, graças ao aumento dos prémios da UEFA (mais 55,2 ME) e das receitas de bilheteira (mais 24,8 ME), uma vez que o Benfica atingiu os quartos de final da ‘Champions’ e ‘recuperou’ o público que esteve ausente devido à pandemia de covid-19.

Os gastos operacionais também um crescimento significativo, de 24,6%, para 192,3 ME, a maioria dos quais com pessoal (112,5 ME) e com fornecimento e serviços externos (67,6 ME), com os resultados operacionais a atingirem valores negativos pelo segundo ano seguido, no valor de 31,6 ME.

O passivo teve um aumento de 11,9%, para 424,7 ME, mas o ativo continua a ser superior, estimado em 533,7 ME, apesar de ter tido um aumento inferior, na ordem de 2%, o que, aliado a um valor de 109 ME de capitais próprios, levou Rui Costa a considerar que, “financeiramente, o clube está muito saudável”.

“Quero tranquilizar o universo benfiquista, porque este resultado foi pensado, estruturado. A prioridade são os resultados desportivos, mas sem descurar os aspetos financeiros”, reforçou Rui Costa, apontando para o regresso aos lucros da sociedade já na atual época desportiva.