Pinto da Costa falava perante 400 amigos e familiares antigo jogador e treinador de futebol, após a missa evocativa da data, do descerramento da placa que agora identifica o auditório do estádio do Dragão com o nome de José Maria Pedroto e de um jantar de homenagem.

O discurso de Pinto da Costa foi particularmente emotivo, sensibilizando os presentes com alusões à memória e alguém "que está para sempre no coração de todos".

"Este é um momento paradoxal: há alegria e tristeza, tudo com saudade. Tristeza, porque Pedroto nos deixou há 25 anos, mas alegria pela felicidade de continuar no coração de todos nós", disse.

O presidente portista dirigiu-se quase sempre a José Maria Pedroto e disse ser uma "alma gémea" do treinador que "mudou o futebol português".

Depois de elogiar a família, representada pela viúva, filhos e netos, quis dizer a Pedroto "que todos continuam a gostar" muito dele e aludiu ao centralismo de Portugal, quebrado pela polémica do "Zé do Boné".

"Não nos vamos intimidar e seremos sempre dignos da sua memória. Ainda é o maior treinador português, que deu sempre a cara por aquilo em que acreditava. Queremos dedicar-lhe a si a vitória neste campeonato", avançou.

Pinto da Costa disse ainda sentir muito orgulho em continuar a pensar como Pedroto e pegando na célebre frase do "roubo da igreja", a propósito de alegados benefícios da arbitragem ao Benfica, disse que, hoje, se falam em "roubos de catedral".

Antes do presidente do FC Porto, discursou Rui Pedroto, um dos filhos de "Zé do Boné", que morreu há precisamente 25 anos e foi homenageado pelo clube do Dragão e também pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol.

"Era irreverente e polémico, mas sempre respeitador. Optava pela divergência sadia, ao contrário do consenso hipócrita. Um homem sem medo, que pugnava por aquilo em que acreditava. Um homem justo, equilibrado, sincero e humilde", disse.

Rui Pedroto falou também do pai como um "líder exímio e um homem de causas, um amante e defensor da liberdade". "Citando (Fernando) Pessoa, foi todo em cada coisa", disse.

O filho de José Maria Pedroto evocou também a memória de António Morais, seu adjunto na época, e explicou que o pai fica "na história e memória do desporto português do século XX".

"No nosso lar, laboriosamente construído, deu-nos educação com ternura e muito amor. Todos fomos um", concluiu.