Bruno Costa Carvalho anunciou esta segunda-feira que não será candidato à presidência do Benfica em 2016, contrariamente ao que havia indicado antes.
Através de um comunicado publicado no Facebook, o empresário defendeu que Luís Filipe Vieira "merece continuar como presidente", referindo que mudou de opinião relativamente ao rumo que o clube tem vindo a tomar.
Confira o 'post' de Bruno Costa Carvalho na íntegra:
"EM OUTUBRO DE 2016, NÃO SEREI CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DO SPORT LISBOA E BENFICA E CONSIDERO QUE LUÍS FILIPE VIEIRA MERECE CONTINUAR COMO PRESIDENTE
Gostava de fazer notar que tomo uma posição pública sobre o assunto da minha candidatura, na véspera do jogo de Munique contra o Bayern.
A escolha da data não é inocente.
É este o dia escolhido porque o resultado do jogo na Alemanha não é importante para a minha tomada de decisão e porque quero contribuir para um Benfica unido e forte.
Em 2009, apesar de muito incompreendido, candidatei-me à Presidência do Sport Lisboa e Benfica porque estava firmemente em desacordo com o rumo que o Benfica tinha na época: uma política desportiva profundamente errada e um passivo galopante. Este caminho tinha que ser rapidamente alterado e por isso apresentei-me a eleições com um projecto que poucos leram.
Esta situação ainda se agravou mais, em 2010, com a aprovação de uns estatutos do clube completamente esdrúxulos e que em nada prestigiam a história, profundamente democrática, do clube.
Nestes últimos anos, tenho vindo a liderar a opinião crítica dentro do Benfica, mas sempre de uma forma construtiva, dizendo sempre o que penso sobre as matérias mais difíceis, nunca me escondendo por detrás de silêncios cúmplices ou de frases banais.
Critiquei quando assim o entendi fazer, mas também elogiei quando estava de acordo com o rumo tomado.
Creio que, modestamente, a exigência que tive e que muitos outros tiveram, fez com que o Benfica fosse melhor.
Este ano, é ano de eleições e pensei seriamente em candidatar-me.
Apesar de sermos bicampeões, o Presidente do Benfica decidiu mudar de treinador e romper uma relação de 6 anos com um treinador que nos levou a duas finais europeias consecutivas e nos tinha feito ganhar 6 das anteriores 8 competições nacionais.
Considerei a saída do treinador um erro histórico, coisa que ainda se agravou com a sua ida para um rival directo que estava adormecido e não nos fazia sombra há anos.
É verdade que o rival ficou muito mais forte do que era, é verdade que o treinador continua a evidenciar que tem qualidade, mas não é menos verdade que a minha tese do “erro histórico” estava, essa sim, errada.
Como tudo na vida, há que saber retirar consequências das nossas posições.
Felizmente, para o Benfica, eu não tinha razão.
A estrutura da qual eu duvidava existe, tem funcionado e mostrado bons resultados.
Não sei se o Benfica será ou não campeão este ano (creio que vai ser) e muito menos sei o que se passará amanhã em Munique, mas sei que este Benfica merece a minha confiança e apoio (esse sempre existiu e que ninguém duvide disso).
Vejo com satisfação que este é o melhor mandato de Luís Filipe Vieira.
Em termos desportivos tem sido brilhante quer na área de futebol quer em todas as modalidades que o Benfica abraça.
Quando a crise do BES parecia que ia afectar profundamente o Benfica, uma vez que havia uma enorme dependência dessa instituição para manter os fluxos financeiros necessários ao funcionamento do clube, o Presidente do Benfica soube dar a volta ao problema.
O Benfica enveredou por um caminho de contenção de custos e abaixamento do passivo, bem como celebrou um conjunto de contratos muito importantes que colmataram a pouco saudável relação com o BES.
Neste contexto, Luís Filipe Vieira celebrou um contrato com a NOS, com uma duração pouco recomendável, diga-se, mas que é um contrato com valores muito significativos e que traz muito conforto ao Benfica.
Para além disso, o Benfica celebrou um contrato com um patrocinador de peso e que confere grande prestígio ao Benfica: a Emirates.
Podemos sempre alegar que o Benfica é uma marca mundial e forte. É bem verdade, mas também é verdade que esteve anos nas ruas da amargura e recuperou todo o seu esplendor vivendo hoje um momento alto.
Dou, aliás, os parabéns a todo o marketing do Benfica que tem trabalhado muito bem.
Como bom é o nosso “scouting”, provavelmente o melhor do mundo.
Como excelente á a nossa formação que começa a dar importantes frutos com este novo treinador escolhido pelo Presidente do Benfica.
Não quero com isto esconder ou esquecer muito do que me separa de Luís Filipe Vieira.
Desde logo, tenho sérias dúvidas da forma como chegou ao Benfica e do seu número de sócio.
Estive sempre em desacordo com o passivo gigante que criou (e que agora começou finalmente a reduzir) e não gosto dos estatutos que fez aprovar.
Também nunca gostei das camionetas de jogadores que chegaram ao Benfica, muitos dos quais para não jogar sequer uma única vez na equipa principal, bem como sempre me desgostaram as trapalhadas que existiram em vários negócios dos quais o caso Roberto é o mais conhecido.
A realidade, é que mesmo com estes problemas, Luís Filipe Vieira teve o dom de fazer renascer um Benfica grande e ganhador.
O Benfica é, de facto, hoje em dia, uma equipa forte e conquistadora.
O Benfica tem uma estrutura que funciona e isso ficou demonstrado esta época.
O Benfica retomou o seu prestígio internacional e a sua credibilidade como instituição.
O Benfica, perante os ataques desprezíveis do seu rival do outro lado da Segunda Circular, tem respondido com nível e dignidade.
Eu, ao contrário do que acontecia em 2009, revejo-me em muitas coisas deste Benfica.
Por tudo isto, considero que Luís Filipe Vieira merece um novo mandato à frente do Benfica e a minha candidatura, agora, seria despropositada.
Neste momento, sinto que não seria capaz de fazer melhor que o actual Presidente.
Gosto sobretudo do espírito de luta e união que as equipas do Benfica demonstram.
Não é só no futebol. É por todo o lado, por todas as modalidades, que se vê esse espírito.
Não é coincidência.
Não é, tão pouco, coincidência o espírito inacreditável e comovente com que os Benfiquistas brindam todas as suas equipas.
O Benfica vive tempos felizes de uma total comunhão entre os adeptos e as suas equipas desportivas.
Isso deixa-me feliz. Muito feliz.
É por isso que é com satisfação que renuncio à candidatura à Presidência do Benfica este ano.
As más línguas que se calem se insinuarem que fui comprado ou quero um cargo.
Não fui contactado por ninguém do Benfica nem eu contactei ninguém.
Não quero cargos nem posições no clube.
Por um lado, a minha vida profissional não me permitiria e, por outro, algumas das críticas que fiz não corresponderam ao que aconteceu e isso retira-me, neste momento, a capacidade de aspirar a algo.
A vida é mesmo assim e eu assumo o meu papel e as consequências das minhas palavras. Sei que não funciona desta forma com toda a gente, mas eu sou assim.
Finalmente, quero dizer a todos os Benfiquistas que me manterei atento e informado sobre tudo o que tiver a ver com a vida do Benfica.
Se algum dia sentir que devo intervir, não hesitarei em fazê-lo e não me sentirei minimente diminuído na minha capacidade de participar na vida do clube.
O que me move, o que sempre me moveu, foi um amor incondicional que sinto pelo Benfica, o mesmo que todos os Benfiquistas sentem e por isso não necessito de o explicar. É algo que só nós, Benfiquistas, sentimos.
Não posso, nesta hora, deixar também de agradecer ao meu ciclo de apoiantes mais próximo e que sempre acreditou em mim e a tantos e tantos Benfiquistas que me expressaram o seu apoio e compreensão.
A todos agradeço e sei que sabem que eu ponho sempre os interesses do Benfica em primeiro lugar. Mais uma vez estou a fazê-lo. Sei que é isso que esperam de mim.
Viva o Benfica!"
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