O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, admitiu no domingo, em Pequim, a possibilidade de a equipa de futebol fazer uma digressão na China, como parte de um protocolo que inclui a construção de 20 academias naquele país.

"Uma das possibilidades que há é fazer jogos amigáveis, um dos quais, sem dúvida nenhuma, com a seleção chinesa", disse à agência Lusa o dirigente dos 'leões'.

A confirmar-se, seria a segunda vez que o Sporting realiza uma digressão no ‘gigante’ asiático, depois de em 1978 ter disputado três particulares em Pequim e Kunming, a capital da província de Yunnan, no sudeste do país.

O protocolo foi oficializado este fim de semana com a Ecadint, uma empresa de engenharia e construção sedeada em Xangai, e com projetos em Portugal e Angola.

O documento prevê a abertura de duas dezenas de academias de futebol no país, até 2018, com metade a arrancar já no próximo ano em seis municípios e províncias (Pequim, Xangai, Chongqing, Liaoning, Shandong e Sichuan).

Trata-se de uma iniciativa já fomentada na China por outros emblemas europeus, como o Real Madrid, Atlético de Madrid, ou o atual campeão português, Benfica.

O histórico rival dos ‘leões’ anunciou no início do mês a abertura de uma academia de futebol em Hangzhou, a capital da próspera província de Zhejiang, na costa leste da China.

Bruno de Carvalho fez questão de diferenciar o projeto do Sporting: "Queremos estar inseridos num esquema muito mais alargado, que tem a ver com o desenvolvimento da pirâmide do futebol, que está totalmente invertida aqui".

O trabalho será "muito focado no atleta", admite, mas também "em tudo aquilo que está à volta: treinadores, fisioterapeutas, médicos e gestores de ‘marketing’".

Nesta investida, o dirigente não afasta a possibilidade de cooperar com a antiga glória dos ‘leões’ Luís Figo, que desde há um ano e meio desenvolve em território chinês a academia Winning League/Figo Football Academy.

Sobre a orientação do diretor-técnico Joaquim Rolão Preto, a escola de futebol com o nome do antigo capitão da seleção portuguesa está já implementada em 14 cidades chinesas, empregando no total 45 treinadores portugueses.

"Não tenho dúvida nenhuma, quer pelo relacionamento do Luís Figo com o Sporting, quer pelo relacionamento que nós temos, que podemos unir sinergias", disse Bruno de Carvalho.

O líder dos ‘leões’ falava à margem de uma conferência de imprensa com cerca de duas dezenas de jornalistas chineses, realizada num hotel situado no moderno e cosmopolita distrito financeiro de Pequim.

"O nosso ADN é criar jogadores", disse o dirigente à imprensa local. "A seleção portuguesa é composta sobretudo por atletas formados no Sporting", frisou.

Um deles é mesmo o português mais conhecido na China: ‘C Luo’ (Cristiano Ronaldo, em chinês). Já ‘Feige’ (Luís Figo) será provavelmente o segundo.

Antes de regressar a Lisboa, Bruno de Carvalho jantou na capital chinesa com vários investidores chineses e o embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pereira, que vincou a importância do futebol na promoção da cultura, turismo e língua portuguesa.

"As autoridades portuguesas estão cientes da importância do desenvolvimento do futebol na China", afirmou Torres-Pereira, aludindo ao "plano de reforma global do futebol", anunciado pelo Governo chinês, em 2014.

Apoiado pelo presidente chinês, Xi Jinping, aquele plano determina, entre outras medidas, a inclusão da modalidade como componente obrigatória da disciplina de Educação Física em 50.000 escolas primárias e secundárias.

O ‘sonho chinês’ para o futebol passa por três etapas: qualificar-se para a fase final do Mundial, organizar um Mundial, pela primeira vez, e um dia vencê-lo, proeza nunca alcançada por um país asiático.

"Este é um projeto importantíssimo para a China, que quer desenvolver o futebol, e para o Sporting, em termos de expansão da sua marca", concluiu Bruno de Carvalho.