O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, continua a defender o seu tipo de comunicação, nomeadamente contra alguns dos comentadores desportivos, e na entrevista ao jornal Record publicada esta terça-feira voltou a atacar o rival da 2ª Circular e a considerar que será necessário 'arranjar um exército' para combater as mentiras produzidas contra o Sporting.

Questionado sobre se tinha regressado ao 'registo do passado' ao responder a comentadores do Benfica, Bruno de Carvalho frisou que se limitou a reagir às mentiras constantes na comunicação social que procuram elevar o Benfica e rebaixar o Sporting.

"Não voltei ao registo! Reagi, porque já estava demais. E para reagirmos a assuntos vamos buscar vários factores. Dizem assim: 'Ele está a falar desta pessoa'. Uso a pessoa para falar de um assunto. Para não parecer maluco, tenho de utilizar uma pessoa para falar. Estou-me a borrifar para a pessoa em si. Aliás, o maior bicho-papão [Pedro Guerra], eu já lá estive cara a cara e percebi que a montanha pariu um rato. Eu pego nisso e depois falo é do assunto. Dos títulos, dos vouchers, dos assuntos que para mim, enquanto presidente do Sporting, não consigo pactuar com toda a manipulação que é feita. Uma mentira repetida várias vezes pode tornar-se uma verdade. O que tenho de fazer? Tenho de dar um murro na mesa! Há exercícios para o 'tico e o teco'. Mas como eles [comentadores] não fazem este tipo de exercícios, eu falo no assunto e eles ficam duas semanas a falar sobre isso, colocando o meu assunto na mesa de discussões. Combato as mentiras, obrigo-os a contar mais mentiras e eles vão ficando danados. Tenho de arranjar o tal exército para fazer tudo isto", afirmou Bruno de Carvalho para depois voltar a defender a organização 'de um exército' que defenda o Sporting.

"Tenho de arranjar o tal exército. Comecei por estar farto, depois irritado e nos últimos tempos parecia o maluquinho à janela. Tenho de alterar isso. Mas há coisas...Tenho pena, por exemplo, quando me fazem a pergunta sobre os comentadores. Eu sei que não devia entrar por aqui, mas por exemplo, a mim custa-me tudo aquilo que se diz de mim e depois saber...As pessos têm de ter conhecimento do que é o mundo do futebol e a hipocrisia do que é este mundo. Ainda por cima vejo inúmeros artigos a vangloriarem a personalidade de certas pessoas e a mandarem-me sempre abaixo. Conto apenas um episódio que me chateia que nenhum comentador do Sporting tenha tido a frontalidade de o dizer, pois é preciso acabar com este mito do culto de personalidades na televisão e nos jornais. Quando o Sporting corta relações com o Benfica, fizemos uma proposta que visava a 'extinção' dos lugares lado a lado na tribuna nos dérbis. O que se devia fazer era o mesmo que nos países civilizados: um camarote para o outro. Porreiro. Se já acho mal para os outros clubes, quanto mais entre clubes de relações institucionais cortadas...Ao contrário do que toda a gente julga, acho que o futebol português deve dar uma imagem de elevação. Eles iam para a tribuna, nós faríamos o mesmo. Ficavam com um camarote. Na tribuna são oito pessoas e no camarote eram 18. Ainda nos pediram quatro senhas adicionais e, se bem me lembro, demos. Ou seja, no total foram 22 pessoas do Benfica. Nós fazíamos o mesmo lá. Primeira coisa que eu queria que as pessoas soubessem: vieram as 22 pessoas...mais oito. Aceitaram o acordo, mas vieram as 22 pessoas para o camarote, mais oito para a tribuna. Segunda coisa: vamos nós lá, em pleno verão. Nos órgãos sociais do Sporting há pessoas com 70 e 80 anos. Um calor descomunal. Não foram para a tribuna mas sim para o camarote. Chegados lá, havia uma mesa com uma água no meio, para 18 pessoas. Sim. Uma única garrafa de água em cima da mesa. Acabou a água e depois de falarem com uma pessoa que estava lá do clube, tentaram pedir mais água. A resposta foi: 'Não. Se quiserem mais água, vão encher a garrafa à casa de banho'. Mas, no entanto, eu tenho, de há quatro anos para cá, de ouvir que sou um labregom um bélico, um bruto, que tenho uma personalidade 'sui generis' e quiçá condenável...Mas isto aconteceu. O que eu queria era que os sportinguistas que têm voz não esperassem que fosse o presidente a dizer tudo. Este tipo de atitudes é que demonstram uma personalidade 'sui generis'. E não preciso de dizer mais nada...Não tenha dúvidas de que a pessoa que disse isto tefve a coragem de o dizer e de o fazer pois sentia as costas quentes. Toda a gente duz que tenho um discurso bélico e a verdade é que desde que cheguei ao Sporting nunca houve nenhum incidente que fosse causado por elementos vinculados ao clube. Como é que um líder de discurso bélico consegue que, até hoje, não tenha acontecido nada? Como?", sentenciou o líder leonino.