O presidente do Sporting criticou hoje a atuação da maioria dos empresários de futebol, considerando ser "vital" regulamentar a ação daqueles agentes desportivos, que estão a inflacionar o custo da formação em Portugal.

Bruno de Carvalho, que falava durante um colóquio sobre dirigismo desportivo, realizado numa universidade de Lisboa, pediu mesmo a intervenção do Governo, de forma a legislar «tudo o que diz respeito ao desporto nacional».

«Seria absolutamente vital criar uma lei que regulamentasse a situação dos empresários. Se calhar, toda a gente já percebeu isso, mas não lhes interessa mudar. Hoje em dia, já não dá para renovar o contrato com um miúdo, para que ele possa ser nosso. Não estão a meter mão nesta situação dos empresários», afirmou, em referência às percentagens dos passes de futebolistas detidas pelos agentes.

Essa situação, segundo o presidente "leonino", está a inflacionar o custo da formação nos clubes portugueses, que começam apostar em mercados internacionais, em detrimento das próprias camadas jovens, pois «torna-se muito mais caro formar do que comprar».

«O Sporting gasta, na sua formação, cerca de nove milhões de euros por ano. Quando vim para o Sporting, não estava à espera de começar a ficar preocupado com o valor exagerado que custa a formação, por intervenção dos empresários. Estamos a falar de miúdos de 17, 18 ou 19 anos», referiu.

Apesar das críticas, Bruno de Carvalho ressalvou que «nem todos os empresários são iguais» e que o Sporting «não está em guerra» com os agentes de jogadores.

«Nem todos os empresários são iguais, nem todos veem uma fortuna em cada duas pernas e isso tem-nos permitido trabalhar melhor com uns e não trabalhar com outros. Há empresários que querem ganhar o seu dinheiro, mas que também contribuem para ajudar o próprio clube», salientou.

Ainda assim, o presidente "verde e branco" garantiu que o clube vai manter a aposta na formação - «é algo que faz parte da essência do Sporting» -, mas alertou para as consequências futuras da atual conjuntura do futebol nacional, particularmente no que diz respeito às seleções.

«Um dia não vamos ter jogadores portugueses para fazer as seleções. Eu vou continuar a denunciar esta situação. Se o futebol português quiser ganhar alguma coisa, um dia terá de ir buscar muitos jogadores estrangeiros, porque o nosso sai muito caro», concluiu.