O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, afirmou hoje, em entrevista ao programa BBC World Football Show, que “chegou a altura de agir e acabar com o monstro em que se transformaram os fundos de jogadores de futebol”.

“O monstro é tão grande que só temos duas opções: regular, dizer que as regras são estas e aquelas, de modo a conhecer quem mete o dinheiro e de onde ele vem, ou parar o monstro que está em todos os clubes, aos quais prometem a solução para todos os problemas, quando os estão a matar”, disse Bruno de Carvalho.

O presidente leonino alerta para a existência de “muito dinheiro mau” a circular no futebol, que “não se sabe se provém de armas ou de droga”, e reitera a necessidade de conhecer quem mete o dinheiro para comprar os passes dos jogadores.

O caso de Marcos Rojo foi comentado pelo presidente leonino, dizendo que “era um jogador importante para o nosso objetivo de lutar pelo título”.

“Mas a pressão era tão grande que os representantes da Doyen [Fundo que detinha uma elevada percentagem do passe do argentino] começaram a falar com o clube, comigo próprio, a aparecer em reuniões, de tal modo que os diretores do Sporting pensavam que eram empresários ligados a outros clubes, até porque falavam em inglês, apesar de serem portugueses”, disse.

De resto, Bruno de Carvalho tentou desmistificar a ideia de que os fundos são bons para os clubes pequenos ou de menor capacidade financeira: “Veja onde estão os jogadores controlados pelos fundos, estão quase todos nos grandes clubes, o Falcão, o Mangala... No fundo, os pequenos não são ajudados e os grandes ficam cada vez maiores”.

“Os fundos não são milagrosos, temos de afastar este tipo de gente do negócio do futebol. Aparece nos clubes e de repente o negócio já não é por 2,5 milhões de euros, mas por quatro, mas dois são para mim e um é para o presidente”, disse Bruno de Carvalho, que promete “um dia falar em nomes” e que garante estar no futebol “pelos adeptos, pela paixão, sem medo de enfrentar o monstro”.

Questionado sobre a sua opção de se sentar no banco durante os jogos, Bruno de Carvalho argumentou que “todos jogadores sabem quem é o treinador” e que a sua presença pretende dar um exemplo “de comprometimento total com o projeto”, de modo a “transmitir esse sentimento a todos os outros”.

“O papel de um presidente não deve ser o de beber vinho ou de comer, mas trabalhar. É a diferença entre mim e os outros”, rematou Bruno de Carvalho.