O defesa Bruno Santos assumiu esta sexta-feira "o difícil desafio" de vir a jogar ao mais alto nível e de ser o primeiro jogador brasileiro do Paços de Ferreira a representar a seleção ‘canarinha’ de futebol.
"O meu sonho mantém-se desde que comecei a jogar e, quando cheguei a Paços, tive o cuidado de perguntar se alguma vez um jogador do clube tinha representado a seleção do Brasil. Sei que será muito difícil, mas nada na minha vida até hoje foi fácil", disse Bruno Santos à agência Lusa, repetindo o objetivo revelado na época passada, quando representou o Freamunde e jogou na II Liga.
Sem pressas e com "enorme vontade de viver um dia de cada vez", o defesa, fã de Maicon (AS Roma, Itália) e Dani Alves (FC Barcelona, Espanha), diz "trabalhar afincadamente para evoluir cada vez mais", para "cumprir o sonho de jogar ao mais alto nível, na Liga dos Campeões", outro dos seus objetivos.
"Comecei a jogar tarde, aos 16 anos, porque optava pelo trabalho, para ajudar a família. A bola era mais em ‘peladas’, mas um dia, quando trabalhava como ajudante de camião, a entregar móveis, tive uma proposta para um teste no Mesquita. Os patrões foram excelentes e nem descontaram no salário e o meu pai percebeu finalmente que podia fazer do futebol vida", recordou.
Bruno ou Bruninho, como é conhecido junto da família e dos amigos, tem consciência das limitações provocadas pela falta de formação, mas garante nunca ter virado a cara à luta e a vinda para Portugal, há dois anos e meio, foi mais um passo em frente para perseguir o seu sonho.
Representou meia época o Sourense, no extinto Campeonato Nacional de Seniores, agora Campeonato de Portugal, avançou em seguida para a II Liga, representando o Freamunde, por quem ainda hoje torce pelos amigos, e, gorada a transferência para o Belenenses, acabou no Paços de Ferreira, igualmente da I Liga.
"No Brasil, tenho muita gente a acompanhar-me. Os meus pais são hoje os maiores fãs e, quando jogamos no Porto [no Dragão], houve grande choradeira em casa", recordou.
Durante a recuperação ao joelho, lesão contraída ainda no Freamunde, Bruno Santos teve a oportunidade de visitar o Brasil, aproveitando "15 dias para ‘matar’ saudades" e rever a família, em particular a irmã, que já estava grávida e cuja criança acabou por não resistir às emoções do jogo no Dragão.
"Estavam todos no Brasil a ver o jogo frente ao FC Porto, numa grande emoção, e o jogo mexeu de tal maneira com a minha irmã, que a menina acabou por antecipar em uma semana o seu nascimento. Se fosse rapaz, ia chamar-se Bruno", acrescentou o defesa pacense, sem esconder o brilho nos olhos.
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