O presidente da Mesa da Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Carlos Pereira, afirmou esta terça-feira, reagindo às acusações de Rui Alves e Fernando Seara, não ter medo de ameaças e disse ser o único que não precisa de Joaquim Oliveira.
“Uma coisa é discordar da decisão sob o ponto de vista da interpretação do Direito, outra é dizer que não tem suporte legal. É ofensivo. O que não tem suporte legal é apresentar duas listas num mesmo dia, uma com uns nomes e outra com outros”, disse Carlos Pereira à agência Lusa.
Carlos Pereira respondia assim às alegações de Fernando Seara, que considerou que a rejeição da sua lista candidata às eleições da Liga “não tem qualquer suporte regulamentar e viola frontal e gravemente o direito associativo”.
“Em primeiro lugar, de todos os que me criticam, sou o único que não preciso de Joaquim Oliveira [proprietário da Olivedesportos, detentora dos direitos de transmissão dos jogos da I e II Liga] e se Deus quiser nunca irei precisar dentro do futebol. Sou de uma cepa de homens do futebol que são os jogadores e esses têm a espinha direita, sempre”, atacou o presidente da Mesa da Assembleia Geral (AG).
O dirigente revelou que tem “recebido ameaças”, mas garante que não tem medo e que não se vende a ninguém, desafiando quem quiser investigar a falar com ele sobre as ameaças de que tem sido alvo.
“Não venham com falsos moralismos, toda a gente já percebeu o que é o futebol profissional em Portugal e o que cada um quer do outro. Uma coisa é não concordar com a minha decisão sob o ponto de vista jurídico, podem existir outras interpretações, mas desafio quem me acusa a discutir em Tribunal, que é quem vai dizer quem tem razão”, acrescentou Carlos Pereira.
O presidente da Mesa da AG da Liga “não reconhece a Fernando Seara e ao senhor do Nacional [Rui Alves] qualquer legitimidade para discutir esta matéria com a certeza jurídica com que o fazem” e considera que “os erros que subjazem às candidaturas são crassos” e que deveriam ter “um cuidado jurídico superior” face à responsabilidade que umas eleições para a presidência da Liga exigem.
Rui Alves anunciou na sexta-feira que vai interpor uma providência cautelar para suspender o ato eleitoral de quarta-feira e pedir uma audiência ao Procurador-Geral da República para denunciar o que considera ser uma autêntica golpada.
Por outro lado, revelou ter prestado todas as informações às listas concorrentes antes de sexta-feira, último dia da entrega das mesmas: “Falei com Jorge Barroso, indicado presidente da Mesa da AG da lista de Fernando Seara, a quem expliquei como é que as candidaturas deviam ser entregues. Na sexta-feira entrou outra lista de Fernando Seara com nomes com quem nunca falei. Isto é que é violador da lei, além de violar outras situações de ordem moral que não tenho de comentar”.
Pela parte da lista que era encabeçada por Júlio Mendes, que viria a abdicar em prol de Fernando Seara, o contacto de Carlos Pereira foi mantido com João Martins: “Combinei fazer uma conferência telefónica para quarta-feira à noite, tive até o cuidado de lhe ligar a dizer se precisava de alguma informação, agradeceu-me e disse que me ligaria na quinta-feira, mas não o fez”.
“Na sexta-feira não fui imediatamente para o Porto porque a entrega das candidaturas se presumia pacífica até ao momento em que me comunicaram que havia duas listas do mesmo candidato e todo este problema que não foi criado por mim”, explicou Carlos Pereira, que diz ter partido logo de Faro para o Porto, onde chegou por volta das 21 horas para analisar as candidaturas.
Contou para isso com a colaboração da vice-presidente da Mesa da AG, Catarina Carvalho, doutorada em Direito e professora da Universidade Católica, tendo a decisão sido tomada, segundo Carlos Pereira, após consulta a vários professores de Direito, com os quais “falaram e discutiram demoradamente”.
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