Catió Baldé, conhecido empresário de jogadores guineenses, está a ser acusado pelo Ministério Público de corrupção passiva pela alegada compra de vistos para jovens guineenses irem prestar provas ao Benfica. A notícia é da revista 'Sábado', numa reportagem que poderá ser lida na edição desta semana.
Diz aquela publicação que em 2014, Catió Baldé terá tentado contornar a lei quando a embaixada de Portugal na Guiné-Bissau negou os pedidos de vistos de entrada em Portugal a três jovens futebolistas que queriam prestar provas SL Benfica.
O empresário terá pago 20 mil euros a um funcionário da secção consular portuguesa que facilitava vistos à margem dos canais oficiais. Diz a revista que um dos jogadores já esteve para ser vendido a um clube alemão por 20 milhões de euros. A 'Sábado' não adianta os nomes dos jovens jogadores mas Úmaro Embaló foi o jogador que o Benfica esteve a negociar com o RB Leipzig, da Alemanha.
Ora Catió Baldé já se pronunciou sobre o tema. Em declarações ao jornal Record, o empresário, que admitiu ter sido "notificado e acusado" pelo Ministério Público, confirmou ter pago ao funcionário da embaixada "para agilizar" o processo de obtenção de vistos para três jogadores que estavam em trânsito para o SL Benfica. O empresário assume todas as responsabilidades e nega que o Benfica tenha algo a ver com o caso.
"Em primeiro lugar, desminto categoricamente que o Benfica tenha alguma coisa a ver com isto. É falso. O Benfica limitou-se a aceitar receber os jogadores para os observar e fez o mesmo que todos os clubes fazem, enviou a carta a pedir o visto para atletas que convidava a prestar provas. Fui eu que ofereci esses atletas ao Benfica. Eram jogadores da minha academia", esclareceu.
Catió Baldé terá sido uma de dezenas de pessoas que recorreram ao funcionário, desde 2013, para obter vistos à margem da lei, escreve a 'Sábado'. O empresário confirma o expediente e aceita a tese de corrupção mas lembra que o Benfica nada tem a ver com este processo.
"É verdade que eu lhe ofereci algum dinheiro porque lhe pedi que ele me ajudasse a agilizar o processo. Isto é ilegal? Evidentemente, é ilegal. É induzido a fazer corrupção? À luz do entendimento europeu é considerado corrupção. Eu assumo essa responsabilidade. Na altura estava muito demorado e eu pedi-lhe o processo fosse observado lá dentro e despachado. Mas que fique bem claro que o Benfica nada tem a ver com isto. [..] Quando o Benfica solicitou os vistos, a meu pedido, o processo estava muito demorado e eu pedi-lhe a ele, como funcionário da Embaixada, que me ajudasse a agilizar o processo. Os vistos foram obtidos legalmente. Se ele lá dentro se mexeu, só ele poderá explicar", diz Cátio Baldé ao Record.
Após tomar conhecimento do caso, Cátio Baldé, enviou um comunicado às redações para esclarecer alguns pontos.
Eis o comunicado do Catió Baldé
"Face a noticias a circular na comunicação social sobre a acusação a minha pessoa de ter corrompido um funcionário luso-guineense para obtenção de vistos para atletas guineenses:
1. Confirmo que fui notificado da acusação à minha pessoa no processo que envolve o funcionário luso-guineense.
2. Fui apanhado marginalmente nesse processo. Fui acusado de ter pedido a esse funcionário para agilizar os pedidos de vistos solicitados.
3. Todo o processo da obtenção de vistos cumpriu os trâmites legais. O pecado foi ter solicitado a ajuda na agilização do processo burocrático.
4. O Benfica não tem nada a ver sobre o pedido da agilização do processo. Assumo toda a responsabilidade do ato. Aliás, é costume e habitual estes tipos de pedido. Visto que o processo da concessão do visto é moroso. Responsabilizar o Benfica revela má-fé.
5. Aguardo calma e serenamente o desenrolar do processo."
No Benfica, há vários jogadores nas camadas jovens representados por Cátio Baldé, como Ussumane Djaló, Úmaro Embaló, Silton Bacai, Alfa Baldé. Entre os jogadores que representa, destaca-se Bruma, que joga nos holandeses do PSV.
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