CDS-PP, PAN e Chega pediram hoje rapidez e transparência à justiça na investigação que envolve o presidente do Benfica, Luis Filipe Vieira, que hoje foi detido em Lisboa.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o presidente e deputado único do Chega, André Ventura, que foi comentador desportivo e próximo do presidente do Benfica, disse encarar esta detenção “da mesma forma” que qualquer outra.
“O que peço para este caso é exatamente o que peço para outros: a justiça tem de ser rápida, eficaz e transparente”, afirmou Ventura, defendendo que para a justiça “não pode haver caras nem nomes”.
O líder do Chega referiu que podem estar em causa, por um lado, crimes ligados ao Benfica (relacionados com ações do clube) e, por outro, suspeitas de burla ao Fundo de Resolução.
“É importante perceber qual a força destes indícios. Aqui não há exceções, seja Luís Filipe Vieira, seja outro líder desportivo, religioso ou qualquer outro, a justiça tem de atuar com muita firmeza e muita rapidez”, disse, acrescentando que a detenção de Vieira “terá sido ordenada” pelo juiz Carlos Alexandre, que considerou já ter dado “amplas provas de independência e transparência”.
A deputada do CDS-PP Cecília Meireles, que tem integrado várias comissões parlamentares de inquérito ao sistema bancário, incluindo a atual sobre o Novo Banco que inquiriu Luís Filipe Vieira, disse não querer pronunciar-se sobre casos concretos, mas destacou o trabalho feito pelo parlamento.
“Parece-me saudável que o trabalho que é aqui feito, de rigor, de investigação, e de audição de algumas pessoas - mais ou menos poderosas, mais ou menos mediáticas - possa ser aproveitado pela justiça”, afirmou, desejando que esta continue a aproveitá-lo e “retirar daí conclusões com rapidez”.
Já a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou a investigação criminal em curso “um sinal positivo de que não há cidadãos intocáveis para a justiça”.
“Apesar de ter tardado, é importante acautelar que as perdas relacionadas com o Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos que estão associadas a Luís Filipe Vieira são recuperadas”, salientou, ressalvando que tem de ser respeitada “a presunção de inocência”.
A deputada lamentou ainda que a iniciativa do PAN de limitar a possibilidade de o deputados exercerem cargos associativos em sociedades desportivas esteja a merecer “muita resistência” no parlamento.
“É da maior importância que exista esta separação e que não existam apoios ou adesões em comissões de honra por parte de entidades políticas que possam pôr em causa a confiança dos cidadãos no poder judicial”, afirmou.
Numa nota enviada à Lusa, a Iniciativa Liberal considera que “a detenção de Luis Filipe Vieira deve ser entendida num conjunto de inaceitáveis exemplos de promiscuidade e sentimento de inimputabilidade entre o poder financeiro e interesses de outra natureza” e defende que a justiça deve ser célere e eficaz e aplicar-se "a todos os intervenientes com responsabilidades, incluindo os reguladores e os atores políticos envolvidos”.
Os liberais recordam ainda que o primeiro-ministro e o presidente da Câmara de Lisboa chegaram a integrar a comissão de honra da recandidatura do presidente do Benfica.
O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) informou que o Ministério Público deteve hoje um dirigente desportivo, dois empresários e um agente do futebol e realizou cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária, em Lisboa, Torres Vedras e Braga.
Esta informação não revela os nomes dos arguidos, porém, fonte ligada ao processo, confirmou à agência Lusa que um dos detidos é o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira.
No comunicado do DCIAP, os quatro detidos, que segundo vários órgãos de comunicação social são, além de Luís Filipe Vieira, o seu filho Tiago Vieira, o empresário José António dos Santos, conhecido como “o rei dos frangos”, e o agente desportivo Bruno Macedo, são suspeitos de estarem envolvidos num processo em que se investiga “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
Refere o Ministério Público que em causa no processo estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de serem “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
Está previsto que os detidos sejam presentes na quinta-feira a primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação de medidas coação, tendo em conta “indícios já recolhidos, com vista a acautelar a prova, evitar ausências de arguidos e prevenir a consumação de atuações suspeitas”.
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