A reunião de quarta-feira do Conselho Leonino pode ser um «segundo fôlego» da gestão da atual direção do Sporting, disse hoje em Luanda o presidente da Mesa da Assembleia-Geral (AG) do clube.

Em declarações à agência Lusa e à RTP, Eduardo Barroso, que se encontra em Luanda para participar num congresso médico, acrescentou ter a certeza de que as suas declarações, que suscitaram fortes críticas de setores do clube de Alvalade, são corroboradas por Godinho Lopes, presidente da direção do Sporting Clube de Portugal.

«Eu posso perceber que fui incómodo para Godinho Lopes, mas aquilo saiu-me naquela reunião, eu fui incómodo, mas tudo aquilo que eu disse tenho a certeza de que é corroborado pelo engenheiro Godinho Lopes. Acho que lhe facilitei a vida», frisou.

Segundo Eduardo Barroso, se Godinho Lopes não fizer a mesma leitura, «o problema é dele».

«Mas cá está: a minha lealdade é para com os sócios do Sporting e a denúncia do mal-estar, de uma falta de rumo e de estratégia, uma confusão, uma coisa de manhã, outra à tarde e outra à noite, acho que pode ter sido muito útil», acrescentou.

Os órgãos sociais do Sporting reuniram-se hoje, no dia seguinte à saída do administrador da SAD "leonina" Luís Duque e do diretor-geral Carlos Freitas e na véspera da reunião de urgência do Conselho Leonino, marcada pela Mesa da AG do clube.

Eduardo Barroso salientou que «agora estão reunidas as condições de facto para o segundo fôlego da gestão do engenheiro Godinho Lopes».

«Acho que agora podem estar reunidas, com transparência, com esta restruturação a nível desportivo e com uma informação a nível financeiro. Foi isso que eu quis fazer», disse.

A reunião de quarta-feira pode ser «decisiva» para que sejam «assumidas responsabilidades», e porque considera querer fazer parte da solução e não do problema, Eduardo Barroso está disposto a afastar-se da presidência da Mesa da AG.

«Fui eleito e até tive muitos votos nas últimas eleições. Se eu chegar à conclusão, porque quero fazer parte da solução e não do problema, de que o presidente da Mesa se deve afastar para tranquilidade da direção, eu fá-lo-ei. Com toda a serenidade, sem problema nenhum», disse.

Sobre a situação financeira do clube, Eduardo Barroso considerou que na sequência da auditoria pedida pela atual direção, decisão que louvou, se tornou claro que todos os sócios do Sporting e adeptos «estão muito preocupados» com a situação financeira.

«O tempo em que nós podemos continuar a ter dívidas sobre dívidas e a não ter capacidade financeira para fazer funcionar o clube, porque isso continua eternamente com o apoio dos bancos, não é verdade», frisou.

«Foi isso que eu tentei fazer com algum pessimismo. Provavelmente estaria nesse dia um pouco mais deprimido. Mas, como volto a dizer, tudo aquilo que eu disse não foi à revelia do engenheiro Godinho Lopes, nem foi espetando nenhuma faca nas costas. Se ele se sente traído, eu também me sinto traído e com isto quero acabar uma polémica que não faz qualquer sentido», concluiu.