O trabalho das equipas de arbitragem corre o risco de perder qualidade e eficácia no desempenho sem o devido acompanhamento e respetiva profissionalização, alertou hoje o presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol.

Vítor Pereira, que falava aos jornalistas à margem da primeira ação de formação e avaliação de árbitros e árbitros assistentes de 1.ª e 2.ª categorias, que reuniu cerca de 140 árbitros em Tomar, manifestou a sua «preocupação» com o facto de a Liga de Honra ter este ano um aumento de 93 por cento no número de jogos, «mais 10 por cada equipa» de arbitragem.

«Passamos de 240 jogos para 462 jogos, sendo que 150 dos mesmos serão disputados a meio da semana, em dias de trabalho normal dos árbitros, que têm a sua atividade profissional», notou.

A manter-se esta situação, Vítor Pereira disse ainda: «corre-se o risco de se perder a qualidade e a eficácia dos desempenhos, porque vamos ter árbitros muito preocupados em trabalhar e, ao mesmo tempo, em apitar, o que é muito difícil de compatibilizar».

Tendo sublinhado que esta é uma «situação de risco», aquele responsável assegurou que os árbitros vão «tentar encontrar uma solução de compromisso, entre a vontade de fazer bem e o constrangimento de terem de compatibilizar atividades várias».

Vítor Pereira comentou ainda as notícias que dão conta que a Liga quer reduzir os prémios de jogo aos árbitros, mas apenas em jogos da Liga de Honra e não também da Liga principal, tendo assegurado que as negociações chegarão a bom porto - «como tem acontecido todos os anos».

O dirigente deixou ainda uma palavra de incentivo aos árbitros mais jovens e que subiram de categoria, tendo afirmado que os mesmos «estão motivados pelos últimos desempenhos da arbitragem portuguesa», exemplificando com a recente atuação de Pedro Proença no Campeonato Europeu de futebol, ao ser designado para apitar o jogo da final.

«Temos árbitros novos na Liga e na Liga de Honra com grande potencial e que nos permitem acreditar num feliz rejuvenescimento dos nossos quadros competitivos», notou.