Costinha deu uma entrevista ao PortoCanal onde falou dos anos em que esteve no FC Porto. O agora treinador da Académica abordou vários temas, entre eles, a sua carreira, desde o Oriental até ser campeão europeu pelo FC Porto.
O primeiro contrato foi com o Oriental, em 1994/1995. Passou depois pelo Machico, também da Segunda Divisão B.
"Fui com o treinador José Moniz para a Madeira e as coisas correram muito bem. Ficámos em segundo lugar no Machico, não subimos por um triz. Acabou a época e fui para o Leça, com o Rodolfo Reis. Mas havia os direitos de formação e naquela altura os clubes pediam o que queriam. Nesse impasse, o José Moniz foi para o Nacional e perguntou se eu queria ir. O Jorge Mendes já era o meu empresário, foi o primeiro e único empresário, e disse para eu não ir porque o Leiria era melhor. O Leiria era da I Liga e eu sabia que teria novamente problemas com os direitos de formação. Disse ao Jorge Mendes que preferia ir para o Nacional. Para não se preocupar. Fui e subi de divisão", contou.
O médio esteve a um passo de saltar da Segunda Divisão B de Portugal para...o Valência de Espanha ou para o FC Porto. Mas as coisas não correram como esperava.
"Nesse ano, a cinco jornadas do fim, já tínhamos subido de divisão, e eu vou a Valência assinar um contrato porque havia um senhor que andava a ver jogos da II B. E viu que eu me aplicava a fundo. Eu tinha alguns convites da I Liga, mas só o facto de ter ido a Valência abriu possibilidade até de ter assinado pelo FC Porto, mas uns dirigentes estavam fora e acabei por ir para o Mónaco. Imagina o que era sair do Nacional e ir para o Valência sentar-me ao lado de jogadores como o Ortega, Karpin, Fernando, Mendieta ou Iván Campo. Até tenho uma história engraçada: equipei-me, abriram-se as portas para irmos para o campo e estava uma data de gente a bater palmas. E eu pensei: ´Fogo, como é que já me conhecem?` Mas as palmas eram para os que vinham atrás de mim, os craques de que falei [risos]", explicou.
No clube ´che`, só não ficou porque Valdano assim não quis. Faltava mediatismo a Costinha para entrar num clube como o Valência.
"O Jorge Valdano, o treinador, falou comigo no hotel, disse que viu vídeos, que tinha talento para jogar no meio-campo, mas ele disse-me assim: ´O Real Madrid tem o Redondo, o Barcelona tem o Guardiola, o Corunha o Mauro Silva. E o Valência não pode ter o Costinha como 6. Se fosses ali para o Villarreal que na altura estava na III Divisão...` E eu pensei: ´venho da II Divisão portuguesa para ir para a III Divisão espanhola...` E então o Jorge Mendes disse que o Valdano tinha de ficar comigo porque estava farto de lhe dar jogadores e não ganhava nada... Mas eu não queria ficar no meio daquela disputa. E disse que queria sair, o Jorge consegue a desvinculação, o presidente não queria, e enquanto esperava que os dirigentes do FC Porto voltassem a Portugal, houve a hipótese de ir para o Mónaco fazer uma semana à experiência", contou.
No Mónaco, tudo mudou. Mas a chegada não foi fácil como imaginava.
"Lesionei-me logo no primeiro dia no adutor. Como tinha sido campeão pelo Nacional, ou seja, a época acabou mais tarde, ainda estava em forma. Mas aleijei-me. Estava na cama do quarto a fazer contas à vida quando entra o Jonh Collins e o Ali Bernabia, e ele disse: ´olha, um turista aqui`. Fiquei fulo. Eu amarrei a perna, levei uma injeção e fui treinar. No final do segundo treino o Tigana disse que queria que eu assinasse por quatro anos. Deu-me dois dias para ir a Lisboa, voltei e fui jogar a Supertaça."
E foi no Mónaco que começou a história dos fatos. Costinha recorda que sempre gostou de estar bem vestido...pelo que não o reconheceram quando chegou ao Mónaco. E no Principado, as mulheres eram um problema. Eram muitas e todas lindas. E havia gente famosa por todos os lados.
"Quando cheguei, o senhor que estava à minha espera, ligou ao Jorge Mendes a dizer que o jogador não tinha chegado, e só estava no aeroporto um miúdo de fato... que era eu [risos]. Fui de fato porque sempre gostei de vestir fato. Eu não sigo a moda, a moda é que me segue a mim [risos]”, explica.
“O Mónaco era uma realidade muito diferente, ganhas muito bem, não pagas impostos, é outra realidade. E assustei-me um bocadinho porque dou de caras com gente famosa em todo o lado. Eu tinha 20/21 anos. Disse à minha namorada: ´ou vens ou não pode ser`, porque era mulheres lindas por toda a parte. E eu não queria mentir nem ser hipócrita. Ainda bem que ela foi e tive sempre a estabilidade que queria. Já são 20 anos de casamento", lembrou, na entrevista ao PortoCanal.
Costinha, agora com 42 anos, retirou-se no Atalanta de Itália. Jogou no Oriental, Machico, Nacional, Mónaco, FC Porto, Dínamo Moscovo e Atlético Madrid. Venceu, entre outros, uma Liga dos Campeões, uma Liga Taça UEFA, uma Taça Intercontinental, duas Ligas portuguesas, três Suepertaças de Portugal, uma Taça de Portugal, todas pelo FC Porto. Lá fora venceu a Liga Francesa pelo Mónaco e ainda uma Supertaça Francesa.
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