Os salários em atraso dos futebolistas do Desportivo das Aves devem-se à interrupção dos serviços na China, motivada pela pandemia de covid-19, justificou hoje em comunicado o último classificado da I Liga.
“A SAD do CD Aves vem a público explicar, uma vez mais, que esta situação se deve ao facto de a atividade económica da China ainda não ter sido retomada a 100 por cento, impedindo os seus responsáveis de fazer a gestão interna esperada, situação de que Portugal vem tomando noção nos últimos dias, com os constrangimentos impostos na vida”, lê-se no sítio oficial do emblema do concelho de Santo Tirso.
Os avenses foram um dos seis clubes notificados pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) na quarta-feira para demonstrarem a regularização dos últimos três meses no prazo de 15 dias, após a sociedade liderada pelo chinês Wei Zhao ter falhado o pagamento de janeiro e fevereiro à maioria do plantel principal e da equipa sub-23.
“Neste contexto de contágio galopante, acreditamos que nem as medidas tomadas pela Liga cheguem a tempo para atenuar a situação. A toda a esta situação, juntam-se os maus resultados da equipa, que também não têm ajudado a SAD, limitando-lhe as transferências na janela de inverno e impedindo-a de reforçar o plantel”, prosseguiu.
O Aves reforça a intenção de “cumprir as suas obrigações o mais rapidamente possível”, perante manifestações públicas de desagrado dos jogadores, como Quentin Beunardeau, que revelou hoje já ter sido liquidada uma parcela por Estrela Costa, ex-diretora executiva, antes da derrota com o Sporting (2-0), em 08 de março, da 24.ª jornada.
“Prometeu que nos iriam pagar os dois meses e concordámos em treinar e ir ao jogo, mas a meio da semana ninguém tinha recebido. Soubemos depois que tinha pagado da sua conta pessoal aos dois avançados, que têm maior valor de mercado, e o grupo ficou revoltado. Era para todos ou para ninguém”, afirmou o guarda-redes francês, à Radio Monte Carlo.
No sábado, numa iniciativa da LPFP, em parceria com a Direção-Geral da Saúde (DGS), dedicada à simulação virtual dos jogos da 26.ª jornada, o defesa Afonso Figueiredo acordou com o médio Pepelu, do Tondela, pausar o desafio durante dois minutos, num gesto de protesto face aos salários em atraso do clube avense.
As verbas de dezembro só foram liquidadas em 14 de fevereiro, numa demora que Wei Zhao também justificou com a paralisação dos serviços na China desde o início do ano, motivada pelo novo coronavírus, mas arrastou-se aos meses seguintes, podendo significar a perda de dois a cinco pontos, de acordo com o Regulamento Disciplinar da LPFP.
Os atletas das equipas principal e de sub-23 recusaram-se a treinar e suspenderam a atividade em 12 de março, tendo reunido por videoconferência com o Sindicato de Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), que ativou o fundo de garantia salarial.
À semelhança de outros clubes, os pupilos de Nuno Manta Santos mantêm-se em casa, com planos de treino individuais, numa altura em que a I Liga está suspensa por tempo indeterminado, devido à propagação do novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, que já superou as 308 mil infeções e as 13.400 mortes no mundo.
Em Portugal, há 14 mortes e 1.600 infeções confirmadas e, de acordo com os dados da Direção Geral da Saúde, há mais 320 casos confirmados de infeção do que no sábado.
Comentários