Os sócios do Tondela receberam uma mensagem do clube da I Liga de futebol a perguntar-lhes se precisavam de ajuda devido à pandemia de COVID-19 e os associados não esconderam ter ficado sensibilizados e emocionados com o gesto.
“Quando vi a mensagem caiu-me uma lágrima. Sei que as pessoas que estão envolvidas no clube são de bem e muito humanas e, não estando eu à espera que o clube me contactasse, também não me surpreendeu e fiquei muito emocionado mesmo”, soltou João Cid, em declarações à Lusa.
Aos 56 anos, sócio número 68, desde os tempos de jogador nos escalões jovens, este funcionário camarário não parou de trabalhar, “porque a Câmara de Tondela tem de continuar com alguns trabalhos para auxiliar a população” e, como tal, também não precisou do apoio enviado pelo seu clube.
“Quando liguei para o número de onde me enviaram a mensagem para dizer que, felizmente, eu não precisava e que estava tudo bem comigo, aproveitei para os informar que sabia de gente carenciada e de alguma necessidade, nomeadamente, vizinhos da minha mãe”, acrescentou.
Neste sentido, João Cid contou que “já lá foi gente do clube e, pelo menos, um casal já está a ser ajudado”, apesar de reconhecer que na zona onde cresceu “há muita gente a precisar de ajuda, mas aquele casal que não pode sair de casa já está a ter o apoio do clube”.
Um apoio que Armando Almeida também rejeitou, porque, apesar de “ter sido proibido pelos filhos de sair de casa” tem “a nora, que é muito boa pessoa e faz todas as compras que são precisas”, mas, não deixou de dar os “parabéns ao clube” por onde também já passou.
“Fiquei muito sensibilizado. Não estava à espera desta mensagem e gostei muito, mas, sinceramente, não fiquei surpreendido, porque acredito muito na direção que está no clube, a começar no presidente que é uma joia de rapaz e tem bom coração. Não estava à espera disto, mas na realidade não fiquei surpreendido” contou à Lusa o sócio número 13, de 70 anos.
Sem nunca ter jogado no clube da terra está António Oliveira que, aos 70 anos, conta com “meia dúzia de sócio” e contou que “é bem possível que vá precisar dos préstimos que o clube disponibilizou”.
“São iniciativas louváveis. Gostei muito, porque apesar de ser um clube pequeno, chamemos-lhe assim, um ‘clube de bairro’, tomou uma iniciativa que talvez muitos clubes grandes e com outras possibilidades não farão”, apontou.
António Oliveira e a esposa vivem em Vilar de Besteiros, a cerca de seis quilómetros de Tondela, e pertencem os dois ao grupo de risco, tanto que, “num mês de confinamento, só por três vezes” se dirigiu à cidade sozinho para efetuar compras.
“Para ir à farmácia, à ração para os coelhos e comprar alguns mantimentos, porque a vantagem de viver numa vivenda é que vamos tendo alguns bens alimentares, como umas batatinhas e umas cebolas ou uns franguinhos e coelhos e temos umas galinhas poedeiras, portanto, também temos ovos”, relatou.
A este sócio não faltaram elogios, até porque o clube já teve outras iniciativas, como doar equipamento de proteção individual ao Centro Hospitalar Tondela Viseu, e isso deixou António Oliveira “orgulhoso do clube” e mais ainda quando “se preocupa com as pessoas deste meio rural e que, muitas vezes, vivem sozinhas”.
“Ter um clube que faz esta iniciativa toca cá no fundo”, assegurou.
O Tondela lançou em 15 de abril uma campanha na internet e pelos correios de ajuda aos tondelenses para a entrega ao domicílio de alimentos e medicamentos, que já está no terreno e, segundo o clube, “em alguns casos são simples visitas para saber se está tudo bem”.
Aos 2.197 sócios o Tondela enviou uma mensagem para o telemóvel.
Portugal regista 762 mortos associados à COVID-19 em 21.379 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Das pessoas infetadas, 1.172 estão hospitalizadas, das quais 213 em unidades de cuidados intensivos, e o número de doentes curados aumentou 50,3%, de 610 para 917.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 170 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 558 mil doentes foram considerados curados.
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