Os credores do Beira-Mar perdoaram mais de cinco milhões de euros da dívida ao clube, que corresponde a mais de 95% do passivo, no âmbito do plano de insolvência que foi hoje aprovado.
O documento passou com os votos a favor de 91% dos credores que estiveram representados na Assembleia, que decorreu no Tribunal de Anadia.
Entre os credores que votaram a favor, destaque para os ex-administradores do clube aveirense José Cachide, Caetano Alves, Carlos Nuno e Mano Nunes, que em conjunto reclamavam quase dois milhões de euros.
O município de Aveiro, com uma dívida de 1,5 milhões de euros, e a Fazenda Nacional (264 mil euros) também votaram a favor do plano.
À saída da sala de audiências, o presidente da comissão administrativa do Beira-Mar, António Cruz, mostrou-se satisfeito com a decisão, classificando este momento como "um virar de página" na história do clube fundado há 95 anos.
"A partir de hoje, com o plano aprovado, vamos ter outras condições de levar o nosso clube ao lugar que merece. Isto é o início de uma segunda vida para o Beira-Mar", disse visivelmente emocionado.
O responsável pelo clube enalteceu ainda o esforço do presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, e dos ex-administradores José Cachide, Caetano Alves e Carlos Nuno na resolução do problema.
"Agradeço o empenho que o presidente da Câmara teve na aprovação do plano. Reforço o meu agradecimento especial a todos os credores que votaram a favor do plano. Sei que muitos vão ser fortemente penalizados", referiu António Cruz.
A sentença de declaração de insolvência do Beira-Mar foi proferida em janeiro de 2015, poucos meses depois de a maioria dos credores terem chumbado o Processo Especial de Revitalização (PER).
O plano hoje aprovado prevê uma redução do passivo de 5,7 milhões para 456 mil euros, que serão pagos em 25 anos, com um período de carência de cinco anos, para os créditos laborais, e sete anos, em relação aos créditos comuns.
O maior esforço no perdão da dívida é pedido a vários ex-dirigentes do Beira-Mar, nomeadamente José Cachide, Caetano Alves e Artur Filipe, e à empresa espanhola Inverfutebol, que não recebem nada dos créditos que reclamaram.
O plano propõe ainda um perdão de 95% das dívidas aos credores comuns, onde se incluem fornecedores e prestadores de serviços, a Federação Portuguesa de Futebol, o Vitória de Guimarães e a SAD do Marítimo.
O crédito reclamado pelo município de Aveiro deverá ser abatido num acerto de contas acordado entre as duas entidades, do qual resulta um saldo de cerca de 18 mil euros a favor do Beira-Mar.
Já os créditos laborais serão pagos no prazo máximo de 14 anos, enquanto os 270 mil euros devidos ao Fisco serão pagos em 150 prestações mensais, vencendo-se a primeira prestação trinta dias após a homologação do plano.
O clube, cuja equipa de futebol joga atualmente na I divisão distrital de Aveiro, projeta a subida da equipa sénior de futebol ao Campeonato de Portugal, na época 2017/18, e a subida à II Liga na época 2021-2022.
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