Fonte oficial do DIAP de Lisboa disse hoje à agência Lusa que "não foi instaurado qualquer processo-crime" ao Benfica e sublinhou que uma eventual sanção ao clube será aplicada no âmbito da esfera jurisdicional dos organismos desportivos.

"Para os acontecimentos em meio desportivo, a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) têm poderes especiais para actuarem", referiu a mesma fonte do DIAP de Lisboa.

À luz do Regulamento Disciplinar da Liga, o "apagão" no final do encontro entre Benfica e FC Porto poderá ser considerado uma infracção leve e o Benfica incorre numa multa pecuniária de 250 a 2.500 euros.

O "apagão" não está especificamente consignado no regulamento, mas a ocorrência no estádio da Luz poderá ser enquadrada no âmbito do que toca à inobservância dos deveres dos clubes.

O artigo 101.º refere que “em todos os outros casos não expressamente previstos em que os clubes deixem de cumprir os deveres que lhes são impostos pelos regulamentos e demais legislação aplicável são punidos com a multa de 250 a 2.500 euros”.

A LPFP, de acordo com uma fonte contactada pela Lusa, “não vai tomar nenhuma posição oficial sobre a matéria”, que, no entanto, poderá ser objecto de análise pela Comissão Disciplinar (CD) na reunião de terça-feira.

Elemento fundamental a ter em conta para uma eventual sanção a aplicar pela CD da Liga ao Benfica, no que toca ao “apagão” no final do jogo, é o relatório do árbitro Duarte Gomes.
O "apagão" na Luz ocorreu no final do jogo que opôs o Benfica ao FC Porto, da 25.ª jornada da Liga, e que terminou com o triunfo dos “dragões”, por 2-1.

A luz apagou-se no estádio, ao mesmo tempo que foi ligado o sistema de rega, quando os jogadores portistas festejavam com os seus adeptos a conquista do título de campeão nacional de futebol.

Quanto aos detidos nos incidentes registados junto ao estádio da Luz momentos antes do jogo, o DIAP de Lisboa garantiu que "os mesmos foram notificados pela PSP (Polícia de Segurança Pública) para se apresentarem hoje, 4 de Abril, no Tribunal de Pequena Instância".

Sem fornecer mais elementos, o DIAP de Lisboa frisou que "o Ministério Público tem 15 dias para fazer a apresentação para julgamento em processo sumário, se for esse o caso".

Os incidentes ocorreram cerca de uma hora antes do início do jogo com a polícia a ser obrigada a disparar tiros de borracha e a investir sobre adeptos do Benfica, junto ao Estádio da Luz, que arremessavam pedras e bolas de golfe sobre adeptos do FC Porto, tendo dessa acção resultado várias detenções e quatro feridos.

A Agência Lusa testemunhou o início dos distúrbios, quando centenas de adeptos do FC Porto, que se acumulavam junto às entradas para o estádio devidamente escoltados pela polícia, que formou uma zona tampão em seu redor, começaram a ser alvejados com pedras e bolas de golfe por parte de presumíveis adeptos "encarnados".

As pedras usadas foram retiradas das obras de prédios de um condomínio fechado junto ao edifício do Media Markt, o que forçou a polícia a investir sobre a zona de onde foram lançadas as pedras e a disparar balas de borracha.

Face à acção policial, os adeptos "encarnados" dispersaram, mas, de repente, nas imediações do pavilhão e do Media Markt, iniciaram-se confrontos entre a polícia e adeptos do Benfica, dos quais resultaram alguns feridos, que sangravam da cabeça, e vários detidos, tendo sido chamada de imediato uma ambulância.