
Domingos Soares de Oliveira deu uma entrevista ao 'The Athletic' onde falou do Benfica mas também do futebol português. O diretor executivo da SAD Encarnada falou da falta de competitividade da I Liga e frisou que em Portugal "estamos a falhar onde outras Ligas melhoraram para conseguirem competir bem a nível europeu"
"Em Portugal, habitualmente, são quatro clubes [Benfica, Sporting, FC Porto e Braga]. Podemos ter o Vitória de Guimarães ou o Marítimo. Mas é difícil para eles conseguirem ser competitivos. Se olharmos para os motivos de Portugal estar em perda em termos de coeficiente europeu quando comparado com a Liga dos Países Baixos, é sobretudo porque têm muitos clubes na Conference League. Não temos a mesma situação em Portugal. A nível europeu, mesmo sendo apenas quatro clubes [que regularmente competem nas provas da UEFA], tivemos três equipas na fase de grupos da Liga dos Campeões, o Benfica está nos quartos de final, e o Braga está nos quartos de final da Liga Europa, o que é muito interessante", disse o dirigente.
Na mesma entrevista, Domingos Soares de Oliveira deixou alguns comentários sobre a Superliga Europeia que os presidentes da Juventus e Real Madrid, Andrea Agnelli e Florentino Pérez, respetivamente, querem introduzir no futebol europeu. O dirigente dos Encarnados diz perceber "a ideia por detrás do conceito dos clubes" que criaram o projeto para "gerar receitas adicionais", mas recordou que é preciso manter a meritocracia no futebol.
"Nós, e não falo apenas do Benfica, mas, sim, da família do futebol e da maioria dos clubes que não faz parte da Superliga, acreditamos que a meritocracia é extremamente importante. Uma Liga fechada pode existir em outras partes do globo, mas não a nível Europeu. Pensamos que a UEFA é um parceiro-chave, e o que vi na última assembleia geral da ECA (European Club Association), em Viena, é uma relação extremamente forte entre a UEFA e a ECA. Vamos na direção certa. A ECA é a entidade que está responsável por defender os interesses dos clubes e está a trabalhar de mãos dadas com a UEFA, existindo um memorando de entendimento que é muito claro, inclusive Aleksander Ceferin esteve presente na assembleia geral. Todas estas coisas estão a caminhar na direção correta. Estou certo que os grandes clubes vão continuar a jogar entre si, mas não deve ser numa competição fechada. Tem de estar debaixo de regras estabelecidas por nós", completou.
Na mesma entrevista, o diretor executivo da SAD do Benfica falou da investida do norte-americano John Textor para entrar na Sociedade Anónima Desportiva dos Encarnados e deu a entender que a SAD até veria com bons olhos a parceria mas nunca numa perspetiva de John Texto ter a maioria do capital da SAD encarnada.
"Acho que a tendência hoje em dia é que os clubes portugueses - e estou a falar do Benfica mas posso dizer as mesmas coisas dos outros - têm de estar abertos em termos de potenciais novos investidores dependendo de dois pontos principais. Uma é que os clubes – e acho que FC Porto, Sporting e Benfica têm a mesma visão — não podem perder a maioria que têm enquanto empresa cotada. Mas dariam as boas-vindas a novos acionistas se, por exemplo, lhes permitissem avançar em termos geográficos, em termos de patrocínios e garantindo melhores condições de financiamento. Por isso, eles devem estar abertos a novos investidores se existir algum valor agregado por parte desses investidores, embora eu não ache que um destes três clubes possa perder a maioria do capital", comentou.
De recordar que na última segunda-feira, José António dos Santos oficializou o fim do acordo com John Textor com vista à venda de 25% da SAD do Benfica.
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