A empresa de Fátima que requereu a insolvência da União de Leiria SAD alega que o passivo da sociedade ascende aos 6,5 milhões de euros, um dado que consta do processo a que a Agência Lusa teve acesso.

Para além da dívida reclamada pela empresa (154.426,31 euros), a Fátima Expresso - Agência de Viagens e Turismo, LDA, informou o Tribunal Judicial de Leiria que a SAD da União de Leiria «acumulou um passivo de importância considerável, pelo menos no montante de 6.586.808,85 perante outras entidades».

Entre os maiores credores, alega a mesma empresa, está o Estado (1.720.948,56), a SAD do Futebol Clube do Porto (1.579.971,70), a Lena SGPS (1.237.159,19), a empresa municipal de que gere o estádio de Leiria (500.000 euros), para além de uma dívida relativa à transferência de Carlão reclamada por três empresários (604.93,51 euros).

Da lista que integra o pedido de insolvência, datado de 20 de março, constam mais de 30 credores, sendo que perante os valores revelados a empresa de Fátima argumenta junto do Tribunal Judicial de Leiria que a SAD da União de Leiria «não possui meios próprios, nem crédito bastante, que lhe permita reassumir o cumprimento das suas obrigações».

Por outro lado, pode ler-se no processo, «o desaparecimento de bens» da sociedade desportiva, «ao ponto de não dispor de qualquer património registável, claramente inculca que se encontra em estado de insolvência».

No pedido de insolvência é ainda sublinhada a existência de salários em atraso, o incumprimento do pagamento das dívidas tributárias e junto da Segurança Social nos últimos seis meses por parte da União de Leiria, SAD.

Já hoje, o presidente da Assembleia Geral da SAD, João Carlos Duarte disse à Agência Lusa que está marcada para 13 de abril uma reunião de acionistas para analisar, entre outros pontos, as contas de gerência, garantindo, ao mesmo tempo, que «a situação financeira será resolvida, de uma forma ou de outra».

As ações executivas com o intuito de reclamarem dívidas, contudo, têm-se avolumado no último mês.

O ex-treinador da União de Leiria, Pedro Caixinha (atual técnico do Nacional), por exemplo, requereu na passada semana a penhora das receitas e de passes de jogadores da União de Leiria, por falta de pagamento de créditos no valor de 84.000 euros, revelou a sua advogada.

Na sexta-feira, o presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Álvaro Pereira, impediu que o piso sintético do Campo da Portela, na cidade, fosse arrancado por uma alegada falta de pagamento da SAD da União de Leiria, no valor de 105.748,48.

O campo foi construído ao abrigo do acordo assinado entre autarquia e a SAD, que permite à equipa da União de Leiria treinar e jogar na Marinha Grande durante três anos e que tinha como contrapartida a construção de três sintéticos no concelho.