A mudança de treinador no FC Porto tarda em surtir os efeitos desejados. Julen Lopetegui foi despedido depois de perder liderança da Liga, o apoio dos adeptos e falhar o acesso aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Os últimos jogos do basco foram muito criticados pelos adeptos mas a entrada de Peseiro não trouxe a paz necessária.

Se no capítulo ofensivo, o FC Porto de Lopetegui deixava muito a desejar, principalmente quando defrontava equipas muito fechadas atrás, já no aspeto defensivo a equipa era consistente, principalmente quando jogava em casa.

A consistência defensiva de Lopetegui

Nos 50 jogos que Lopetegui fez na Liga ao serviço do FC Porto, venceu 36, empatou 11 e perdeu três. Marcou 105 golos e sofreu apenas 23, o que dá uma média inferior a meio golo por jogo. Se tivermos em conta os jogos em casa, então a performance defensiva do espanhol é avassalador: 26 jogos, 22 vitórias, três empates, uma derrota, 59 golos marcados e seis sofridos.

Mas se centramos a nossa atenção nos 16 jogos que o FC Porto fez esta época na Liga com Lopetegui, verifica-se que teve 11 vitórias, quatro empates e uma derrota, 31 golos marcados e 10 sofridos. Em casa, três golos sofridos em nove jogos e sem qualquer derrota.

Peseiro: arriscar no ataque e ...descurar a defesa

Ora com Peseiro tudo mudou. O FC Porto continua a ter dificuldades frente a equipas que se fecham muito atrás, não marca muitos golos mas está mais permissível na defesa.

Nos oito jogos que José Peseiro leva à frente do FC Porto na Liga, só não sofreu golos no primeiro, na vitória caseira frente ao Marítimo por 1-0. De lá para cá, o "dragão" foi "atingido" em sete encontros. Frente ao União da Madeira, só um golo de Corona aos 86 minutos evitou um "escândalo". A vitória por 3-2 mantém a equipa na luta pelo título mas os números defensivos são alarmantes.

Casillas fez o sétimo encontro seguido sempre a sofrer golos na Liga. Nos quatro jogos em casa, só o Marítimo não bateu o guarda-redes espanhol. De resto, Arouca, Moreirense e União da Madeira lograram mesmo marcar dois golos ao FC Porto em pleno Dragão, sendo que só os arouquenses conseguiram vencer.

Nos últimos sete jogos, foram 12 golos sofridos, ou seja, mais de metade dos que tinha encaixado nas 19 jornadas anteriores. Os "dragões" detém a quarta melhor defesa da prova com mais quatro golos sofridos que o SC Braga.

Ao todo, já são 23 golos sofridos em 26 jornadas da I Liga. É o pior registo defensivo desde 2001/2012. Nessa altura, à 26ª ronda e já com Mourinho ao leme (substituiu Octávio Machado no comando), o FC Porto tinha 28 golos sofridos em 26 jornadas, numa época que terminaria com o terceiro posto, atrás de Sporting e Boavista.

Lesões e castigos não ajudam

Em defesa de Peseiro estão as muitas lesões que tem afetado o sector mais recuado da equipa, assim como os castigos. As opções da SAD no mercado de inverno também não foram as melhores. Se no início da época já se defendia que a equipa não tinha muitas soluções na defesa, as saídas, por empréstimo, de Lichnovski para Espanha e Maicon para o São Paulo, Brasil, vieram diminuir ainda mais as opções do técnico.

Peseiro foi obrigado a lançar o jovem Chidozie, sem experiência de Primeira Liga, ele que tem feito dupla nalguns jogos com ... Layún, defesa esquerdo adaptado a central. Tantas mexidas, com tantos jogadores fazerem dupla no centro da defesa (Marcano e Indi, Marcano e Chidozie, Chidozie e Indi, Indi e Layún, Layún e Chidozie) tornam quase impossível cimentar o processo defensivo. Sem contar que muitos dos golos sofridos são consequências de erros individuais.

Peseiro vai justificando com as várias mudanças feitas mas o FC Porto precisa de "estancar a hemorragia" de golos sofridos, se ainda quiser lutar pelo título até a última jornada.