O árbitro de futebol, Duarte Gomes, esteve presente na tarde desta quinta-feira numa iniciativa promovida pela Associação Portuguesa de Árbitros Profissionais (APAF) com o objetivo de sensibilizar todas as entidades intervenientes no futebol para o problema da violência no futebol.
O juiz da AF de Lisboa afirmou que a classe que esteve a representar nesta iniciativa está atenta à situação em questão, uma vez que os árbitros se sentem desprotegidos e estão a afastar-se do futebol.
"Os árbitros estão atentos a este fenómeno que é a agressão verbal e também física. Esta situação é coincidente com a diminuição da segurança nos estádios devido à lei que está em vigor. Deste modo, os adeptos sentem-se aptos para agredir, tal como os jogadores, os dirigentes e os próprios elementos de segurança dos estádios [são contratados pelos clubes]. Preocupa-nos porque, mais do que os danos psicológicos, afasta os árbitros do futebol", afirmou em conferência de imprensa.
A lei em vigor parece ser o principal problema para o aumento da violência nos estádios, principalmente a nível distrital, e avisou que as normas em vigor não são suficientes para resolver a situação.
"Eu sei que existe uma lei em vigor que não obriga ao policiamento no futebol distrital. Ao nível regional, devido aos custos, deixou de ser uma obrigatoriedade. O número de agressões aumentou a partir do momento em que esta lei entrou em vigor. Qualquer pessoa pode entrar no relvado e agredir um árbitro. Tem havido conversas com o Estado sobre isso. Foi criada uma Comissão que analisa os jogos de elevado risco. Mas não é ai que acontecem as agressões. Nos escalões jovens as pessoas sentem legitimidade para isso. Parece que há uma carta-branca para a violência".
Duarte Gomes destacou os esforços promovidos pela APAF, confessando que já visitou profissionais da arbitragem no hospital e prometendo fazer tudo ao seu alcance para combater este problema.
"Temos de usar a montra do futebol para consciencializar as pessoas terem respeito por todos. Visitamos alguns árbitros nos hospitais e acho que chega. É importante que eles se sintam seguros. Os árbitros estão sujeitos ao erro tal como os jogadores. Este é um apelo diplomático dos árbitros, porque o futebol é para as pessoas se divertirem. Se as agressões continuarem, obviamente teremos que conversar e equacionar todas as medidas possíveis [para combater a violência no futebol]".
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