O Ministério Público e a Autoridade Tributária abriram cinco megainquéritos abertos por suspeitas de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais. A investigação é da revista Sábado.
O processo-crime mais avançado é o que está a visar o FC Porto e Pinto da Costa. Há pelo menos 15 jogadores entre eles Jackson Martínez, Iker Casillas, Radamel Falcao, James Rodríguez, Imbula, Mangala e o português Danilo Pereira. A autoridade tributária estima que poderão estar em causa uma vantagem patrimonial de cerca de 20 milhões de euros.
A investigação ao FC Porto é a mais avançada, mas Benfica, SC Braga, Sporting também estão envolvidos
Mas a fraude fiscal também se estende a clubes como o Benfica, Braga, Estoril, Guimarães, Portimonense, Marítimo, Sporting e a muitos outros, adianta a Sábado e refere-se a contratos relativos a direitos económicos de jogadores de futebol profissional bem como os contratos de direitos de imagem, de atribuição de prémios de assinatura e pagamentos de comissões a terceiros pela intermediação na contratação ou renovação dos contratos de trabalho pelos atletas. Suspeita-se que clubes, SAD´s, administradores, jogadores, treinadores, diretores desportivos, agentes e advogados recorreram a alegados documentos contabilísticos fictícios de forma a empular o valor dos negócios.
A referida publicação dá como exemplo facturas que não correspondem a serviços reais prestados por quem os emite. Os esquemas terão o objetivo de: Fugir aos pagamentos de IVA e IRS, assim como 'escapar' às contribuições da Segurança Social.
Poderá tratar-se de uma 'bomba' financeira no futebol português, à semelhança do que aconteceu em Espanha em que vários jogadores e treinadores foram acusados e condenados por fraude fiscal.
De acordo com a 'Sábado', há várias dezenas de negócios sob suspeita e 40 alvos nesta mega operação, entre os quais o empresário Jorge Mendes, a mulher Sandra, o advogado Carlos Osório de Castro (trabalha com Cristiano Ronaldo), Jorge Baidek e Dimas, ex-jogador e agora empresário.
Também estão a ser alvo de investigação António Salvador e Luís Filipe Vieira.
Em relação ao FC Porto, estão a investigados os esquemas que terão alegadamente sido utilizados para transferências e contratos de 15 jogadores.
O deles é o de Jackson Martínez, dianteiro que acabou vendido em 2015 ao Atlético de Madrid por 35 milhões de euros. Em 2016, o avançado rumou à China por 42 milhões de euros. Em 2018 regressou a Portugal para integrar o plantel do Portimonense. Nesta caso poderá ter sido utilizado um intermediário fantasma entre a entidade de pagamento e o beneficiário final, o que terá iludido o fisco em cerca de 2,1 milhões de euros.
Os negócios de Mangala e Casillas também estão visados pelo Ministério Público. Em Portugal, o guardião é suspeito de ter obtido uma vantagem ilegítima de 858 mil euros em impostos. Ainda assim um valor inferior ao conseguido pelo defesa direito Danilo, cerca de 4 milhões de euros, num negócio de 31,5 milhões com a transferência do jogador para o Real Madrid.
As autoridades também suspeitam que o esquema possa ter sido utilizado para a desvinculação de jogadores, aquando da transferência dos direitos de imagem, económicos ou desportivos ou para dissimular prémios de assinatura. Outra casos alvos de suspeição foram os de James Rodríguez (vantagem patrimonial indevida de 80 mil euros) o de Falcao (transferido por 40 ME para o Atl. Madrid, vantagem patrimonial indevida de 2,4 ME) e Mangala (transferido para o City por 40 ME, vantagem patrimonial indevida de 3,9 milhões de euros).
O caso Rui Pinto despoletou as investigações do fisco ao Mundo do Futebol
Foi através das informação divulgadas por Rui Pinto, que revelou documentos polémicos que agitaram o futebol português e que está em prisão preventiva devido à eventual extorsão ao fundo de Investimento Doyen, que terá dado forças às investigações aos clubes.
Benfica e Braga também são alvos
No Benfica estão visados clubes estrangeiros e empresas de intermediação nos casos de André Carrillo, Pizzi, Jiménez, Ola John e Jonas.
No SC Braga, os arsenalistas anunciaram em 2017 ter pago 1,2 milhões de euros ao Marítimo por 75% do passe de Fransergio e mais 296 mil euros por igual percentagem do passe de Dyego Sousa que já estava em final de contrato. Mais tarde, os bracarenses contrataram Raúl Silva. Todos estes negócios estão a ser analisados pelos investigadores. O negócio do herói do Euro, Éder (transferido para o Swansea e mais tarde para o Lille) também está a ser visto ao pormenor, assim como a venda de Zé Luís ao Spartak (6,5 milhões de euros).
Estão ainda sob suspeita, nos casos do FC Porto, as transferências de Licá, Evandro e Carlos Eduardo. Este último acabou vendido ao Al-Hilal por 5,5 milhões de euros, valor comunicado pela CMVM. No entanto, documentos revelados pelo Football Leaks garantem que o clube azul e branco só recebeu 2 milhões. Já o negócio Carlos Eduardo é suspeito de defraudar o fisco em 340 mil euros. Com todos os negócios suspeitos, o FC Porto poderá ter encaixado em IVA cerca de 3 milhões de euros. A AT está ainda a investigar os negócio de Danilo Pereira que se transferiu para o Dragão, num negócio entre os 2,8 milhões de euros e os 4 milhões milhões de euros. O fisco acredita que foram empolados cerca de 820 mil euros.
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