O Estrela da Amadora está de volta à Primeira Liga, 14 anos depois. O emblema da Reboleira venceu na Madeira o Marítimo nas grandes penalidades por 3-2. Os madeirenses falharam três grandes penalidades, por Félix Correia, Chuchu Ramirez e Diogo Mendes.
Nos 90 minutos o Marítimo venceu por 2-1, pelo que foi preciso recorrer ao prolongamento. No tempo extra, ninguém marcou, pelo que o jogo teve de ser decidido a partir da marca das grandes penalidades. Aí o Estrela foi mais competente e marcou três, contra dois do Marítimo.
O Marítimo cai assim para a Segunda Liga, depois de 38 anos na primeira divisão. 38 anos depois, a I Liga não terá qualquer equipa das regiões autónomas, já que Santa Clara também caiu para a segunda Liga.
O Marítimo, que estava entre os ‘grandes’ ininterruptamente desde 1985/86, somando 38 presenças consecutivas, disputou o play-off de acesso à divisão principal ao acabar a I Liga no 16.º lugar e o Estrela da Amadora por ter conseguido o terceiro lugar na II Liga
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Caldeirão dos Barreiros a ferver empurra Marítimo
O Marítimo entrou pressionado a vencer, depois da derrota por 2-1 há uma semana na Amadora. O golo de Cláudio Wink quase a terminar deu ainda mais esperanças aos madeirenses que contavam com o factor-casa para tentar dar a volta. O estádio encheu-se para ser o 12.º jogador.
E começou bem o Marítimo, com Félix Correia a ameaçar aos 12 minutos, num remate ao lado após trabalho de André Vidigal.
Aos 18 minutos, o Marítimo recuperou uma bola ainda no meio-campo do Estrela, o esférico chegou a Bruno Xadas que tirou as medidas da baliza e rematou cruzado e forte, batendo Bruno Brígido pela primeira vez. Um golaço do esquerdino.
Aos 25 foi por muito pouco que não chegou o 2-0: centro tenso de Vítor Costa e André Vidigal a falhar o desvio na pequena área.
No minuto seguinte o Estrela marcou: um canto batido na esquerda encontrou N'do que cabeceou ao ferro, a defesa do Marítimo atrapalhou-se a afastar a bola que chegou ao capitão Miguel Lopes, que fuzilou Marcelo Carné. Empate no jogo e vantagem dos lisboetas na eliminatória.
O minuto 39 vai ter dois lances de golo nas duas balizas. Primeiro Marcelo Carné, com uma defesa fantástica, a travar negar o golo a Regis N'do, jogador que deu um nó em Zainadine. Na resposta, passe fantástico para Félix Correia que centrou de pronto para André Vidigal colocar no fundo das redes. O Caldeirão dos Barreiros festejou mas o golo foi anulado por fora de jogo de Vidigal por... oito centímetros.
A terminar o 1.º tempo, novamente André Vidigal, num remate forte contra um contrário, na área.
O segundo tempo arrancou com René Santos no lugar de Zainadine, lesionado.
Um Chuchu para os Leões da Almirante Reis: Ramirez evita despromoção aos 90+6
O Marítimo continuava à procura da felicidade mas a noite era de nervos. Aos 55 minutos, um passe para as costas da defesa da Amadora encontrou Geny Catamo sozinho. O moçambicano recebeu e atirou de pé esquerdo, ao poste. Perdida incrível!
José Gomes, treinador do Marítimo, tentou mudar o jogo, com as entradas de Cláudio Winck e Bryan Riascos nos postos de Val Soares e Geny Catamo. Sérgio Vieira respondeu com Kikas, Alosio e Hevertton Santos nos postos de Regis Ndo, Sebastian Guzman e Ronald Pereira.
Os 9.338 espectadores nas bancadas iam puxando pelo Marítimo, a equipa intensificava a pressão mas não havia formas de marcar. Os nervos das bancadas passavam para o campo e também para os bancos, como se viu com Sérgio Vieira e José Gomes: os treinadores das duas equipas desentenderam-se, o árbitro João Pinheiro expulsou o técnico do Estrela da Amadora.
Chucho Ramirez, uma das últimas apostas de José Gomes, teve o 2-1 na cabeça mas o guardião Bruno Brídigo defendeu com os punhos.
Não foi aos 89, foi aos 90+6: centro de Cláudio Wink em balão, o avançado venezuelano saltou mais alto que todos e atirou para o fundo das redes. O Caldeirão dos Barreiros entrou em ebulição. 2-1 para o Marítimo e 3-3 na eliminatória.
Bruno Brígido brilha na baliza, Madeirenses com falta de pontaria
Foi então preciso jogar-se 30 minutos de prolongamento. Aí era o Marítimo quem estava por cima, animicamente, depois de ter conseguido evitar a despromoção já para lá da hora. O Estrela da Amadora, que tinha passado quase toda a segunda parte a defender, tinha de arranjar forças para atacar e tentar novamente o empate que o colocasse na frente da eliminatória.
Mas era o Marítimo quem estava por cima e só Bruno Brígido ia evitando males maiores para a baliza do Estrela. Aos 103 minutos, Edgar Costa meteu na área, Chuchu Ramirez voltou a ganhar nas alturas mas o guardião do emblema da Amadora respondeu a grande altura com uma defesa fantástica.
Ainda o tempo extra o Estrela ameaçou em dois lances de bola parada, com Mansur a estar perto de ser herói aos 108, mas o cabeceamento saiu por cima.
Nas grandes penalidades, Diogo Mendes (para fora), Chuchu Ramirez (defesa de Bruno Brígido) e Félix Correia (para fora) falharam para o Marítimo, Aloísio foi o único a falhar para o Estrela, que marcou por Jean Filipe, Mansur e Vitó.
38 anos depois, a I Liga não terá equipas das ilhas, já que o Marítimo desce e vai ter a companhia do Santa Clara, que também desceu, e do Nacional, que já estava na II Liga.
Já o Estrela da Amadora está de volta ao convívio dos grandes, 14 anos depois.
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