O bispo de Beja, António Vitalino Dantas, considerou hoje que Eusébio, o "rei" do futebol, ficará para a história como um dos símbolos da identidade portuguesa como são Amália Rodrigues pela música e Fátima para os católicos.

«Eusébio ficará para a história como um dos símbolos da nossa identidade, assim como Amália Rodrigues pela música e Fátima para os católicos», escreve o bispo na sua nota semanal, publicada hoje no sítio de Internet da Diocese de Beja.

Segundo António Vitalino Dantas, ao contrário dos heróis sem as «virtudes que os tornam verdadeiramente amáveis, humanos e próximos de cada um de nós» e que «são ídolos que desaparecem como o vento», Eusébio ficará na memória «como herói do futebol e modelo do português autêntico, hospitaleiro, acolhedor, integrador de todos, sem aceção de pessoas, raças ou cor».

«Oxalá continuemos a aprender com Eusébio estas virtudes fundamentais das relações humanas e não nos contentemos com admirar apenas o seu génio futebolístico», defende o bispo.

Eusébio, que morreu no passado domingo, em Lisboa, aos 71 anos, vítima de paragem cardiorrespiratória, é «um craque do futebol mundial, mas também o maior embaixador de Portugal nos últimos 50 anos», sublinha o bispo.

Um facto que António Vitalino Dantas refere ter constatado pessoalmente em 1966, quando foi estudar para a Alemanha e decorria o campeonato mundial de futebol no Reino Unido, no qual Eusébio «mostrou a sua classe ao mundo».

«Por vezes perguntavam-me pelo meu país de origem. Nem sempre a minha primeira resposta, Portugal, deixava os meus interlocutores elucidados. Mas quando eu acrescentava: do país de Eusébio, então subia no reconhecimento e na consideração dos alemães», conta.

Segundo António Vitalino Dantas, «Eusébio foi realmente o primeiro e maior futebolista da África e de Portugal» e um «grande embaixador» de Moçambique e de Portugal e é considerado "o rei" do futebol.

«Mas é admirado mundialmente não apenas pela magia do futebol que praticava, mas também pela humildade, simplicidade e humanidade como vivia e se relacionava com os colegas, os adversários e o público», frisa o bispo.

António Vitalino Dantas conta que, através de vários depoimentos de pessoas muito próximas de Eusébio, percebeu que «na origem das qualidades humanas desta grande figura estava uma mãe, uma família, que lhe transmitiu os valores que o tornam digno da nossa admiração, não apenas como herói do futebol, mas também como modelo de homem».

O ex-futebolista português Eusébio da Silva Ferreira, conhecido simplesmente como Eusébio e considerado um dos melhores futebolistas de sempre e o melhor do Benfica e de Portugal, nasceu a 25 de janeiro de 1942 em Lourenço Marques (atual Maputo), em Moçambique

Ao longo da sua carreira, Eusébio ganhou a Bola de Ouro, em 1965, e conquistou duas Botas de Ouro (1967/68 e 1972/73).

No mundial de futebol de 1966, em Inglaterra, no qual Portugal terminou em 3.º lugar, Eusébio foi considerado o melhor jogador da competição e o melhor marcador, com nove golos.