O Farense pondera receber no Estádio Algarve os chamados três ‘grandes’ do futebol português a partir de 2024/25, disse à Lusa o presidente do clube da I Liga, que justifica a eventual decisão com o peso da receita financeira.
“É uma diferença de milhões [de euros], provavelmente. Se não for de 2 milhões, é à volta de 1,5 milhões. Que, num orçamento de um clube como o Farense, faz uma diferença substancial”, disse João Rodrigues, à margem das comemorações do centenário do Estádio de São Luís, que foi oficialmente inaugurado em 01 de dezembro de 1923.
O recinto habitual do emblema algarvio, no centro da cidade de Faro, tem capacidade para cerca de sete mil espetadores, enquanto o Estádio Algarve, propriedade dos municípios de Faro e Loulé, tem uma lotação de pelo menos 20 mil espetadores.
O presidente do Farense, atual oitavo classificado na I Liga, com 16 pontos, sublinhou à Lusa que “nada está decidido” e que a SAD, a que também preside e da qual é o principal acionista, vai avaliar a situação na próxima temporada.
“Os jogos com os três maiores, esta época, serão todos no São Luís. Na próxima, haveremos de avaliar, faremos as nossas análises, veremos o que será o melhor para a instituição Sporting Clube Farense e depois tomaremos as decisões”, referiu.
João Rodrigues acredita que os adeptos – o emblema conta hoje com mais de 6.700 sócios e regista uma assistência média próxima dos cinco mil espetadores na Liga – vão compreender a eventual mudança de três jogos para o Estádio Algarve.
“Os adeptos têm sido sempre muito apoiantes das nossas decisões e sabem que as decisões que nós fazemos são sempre com um fundo muito simples: o melhor que podemos fazer pelo Sporting Clube Farense”, assinalou.
No discurso efetuado minutos antes, o dirigente já tinha afirmado que um eventual apuramento para as competições europeias também obrigaria o clube a prescindir do São Luís, que não tem as dimensões de relvado exigidas pela UEFA, entre outras situações.
A reabilitação profunda do estádio, com a renovação de algumas bancadas, é algo que João Rodrigues remete para o longo prazo, uma vez que os três grandes objetivos dos atuais corpos sociais passam pela estabilização financeira e desportiva do emblema e pelo centro de estágios, situado no concelho vizinho de São Brás de Alportel.
“Temos garantido nos últimos sete anos o pagamento progressivo da dívida, especialmente ao Estado, que reduziu imensamente, mas ainda falta resolver outros assuntos, de dívidas com 25, 30 anos, algumas até mais antigas”, lembrou.
Em relação ao centro de estágios, já foram concluídos quatro relvados e, em 2024, vai avançar a segunda fase, com mais dois relvados, um deles sintético a pensar na futura secção de futebol feminino, e dois edifícios de apoio, com balneários, ginásio, centro médico e de fisioterapia.
Esta segunda fase tem um prazo de conclusão entre dois anos e meio a três anos, ou seja, até 2027, e só depois avançará a terceira e última fase, revelou à Lusa João Rodrigues.
“A terceira fase ainda não está em papel, mas está em conceito, com mais dois relvados. Fará com que o centro de estágios fique com entre oito a nove relvados. Esses serão relvados híbridos, para podermos ter ali equipas que não o Farense a treinar, obviamente a cobrar, e com um hotel de apoio”, afirmou, esperando que essa obra esteja “pronta a tempo do Mundial2030” para ser um centro de apoio às seleções.
O Farense assinalou hoje o centenário do Estádio de São Luís com o descerramento de uma placa comemorativa dos 100 anos, que homenageia Manuel dos Santos, o empresário que idealizou o na altura denominado Santo Stadium.
Em 01 de abril de 2024, data do 114.º aniversário do clube, será inaugurada, no Palácio Belmarço, uma exposição sobre o centenário do Estádio de São Luís, e será lançado um livro sobre a história do emblema.
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