É num momento de profunda agitação que Sérgio Conceição e a sua equipa entram para a segunda metade da época. Não há como escamotear, o FC Porto atravessa um período sem paralelo nas últimas décadas e o facto do técnico portista estar em fim de contrato - finda em junho - contribui para o absoluto clima de incerteza em torno do universo azul e branco.
Responsável pela conquista de dez títulos desde a sua chegada ao Dragão em 2017, Sérgio Conceição é atualmente uma das figuras mais acarinhadas pelos adeptos e apontado pela sua maioria como o grande responsável pelo sucesso do FC Porto ao longo dos últimos anos. Um percurso que começou, importa recordar, com a conquista de um campeonato que impediu o penta do Benfica, quebrando assim a fase hegemónica do crónico rival.
Com as eleições à porta, tudo aponta que serão em abril, o reino do Dragão decide o que quer para o futuro: dar sequência a uma liderança com 42 anos e milhares de títulos conquistados em todas as competições, ou virar a página do clube, apostando em sangue novo para oferecer um novo rumo ao emblema portista, a braços com uma delicada situação financeira que, segundo defendem os dois restantes candidatos - André Villas-Boas e Nuno Lobo - tem destruído o sucesso desportivo do clube nascido em 1893.
No meio do impasse está Sérgio Conceição, que quer manter-se longe - ele e a equipa - de todo o reboliço mediático em torno do clube, agravado com a Operação Pretoriano conhecida esta semana. Resquícios da polémica Assembleia Geral de 13 de novembro, marcada por agressões entre sócios, que levaram à abertura da 'Operação Pretoriano'. A grande preocupação do técnico portista, avança o Jornal 'A Bola', é manter o foco de todo o plantel - incluindo o seu - no objetivo comum: conquistar o que há para conquistar e dar o melhor em cada treino, em cada jogo.
Quanto à renovação, diz a mesma fonte, é tema para o final da época. A Pinto da Costa, já se sabe, interessa continuar com Conceição caso vença (a candidatura avança este domingo), a Villas-Boas, já o confirmou, interessa-lhe sentar-se à mesa para aferir a intenção do atual treinador, sendo certo que para o agora candidato a continuidade de Sérgio Conceição é o melhor para o FC Porto. Aliás, chegou a questionar não raras vezes a demora do processo de renovação com o técnico mais titulado da história dos dragões, com mais jogos e com mais vitórias, à frente de históricos como Pedroto ou Artur Jorge.
Entretanto, a semana fica marcada por notícias avançadas pela imprensa espanhola, de que Sérgio Conceição será uma das opções para render Xavi, de saída dos blaugrana no final da época. Um dado que, inevitavelmente, acaba por agitar (ainda mais) o ambiente de indecisão que o dragão atravessa.
Aliás, um dos aspetos que pode levar à saída de Sérgio Conceição no final da época, avança o desportivo, está relacionado com o natural desgaste provocado pelos intensos sete anos à frente da equipa técnica do FC Porto. A função é exigente para qualquer técnico, sobretudo os dos clubes mais mediáticos, como acontece nos denominados três grandes portugueses. No caso do FC Porto a situação tem-se agravado ao longo dos últimos anos, já que - por norma - tem sido Sérgio Conceição a assumir o papel de porta-voz em muitas lutas travadas pelo FC Porto, o que estará a gerar alguma saturação.
Resta saber se até ao final da época - ou mesmo até às eleições - o treinador dos azuis e brancos consegue isolar o grupo numa cápsula protetora, defendendo-o da expectável agitação mediática que promete não largar a vida diária do clube. Até porque esse facto poderá ser decisivo para o futuro de Sérgio Conceição, e claro, do FC Porto.
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