O candidato eleito para a direção da Associação Distrital de Futebol de Bragança, António Ramos, anunciou hoje que pediu a intervenção da Federação Portuguesa de Futebol para resolver o impasse nas eleições realizadas há nove meses.

António Ramos venceu as eleições, a 08 de junho de 2013, contra o atual presidente, Jorge Nogueira, e a tomada de posse foi marcada para 01 de junho e cancelada um dia depois por uma providência cautelar interposta por um dos clubes filiados, o Grupo Desportivo de Bragança (GDB).

O caso está a dirimido em tribunal com o candidato vencedor a falar de “conluio” entre o GDB e a atual direção para “manter interesses instalados”, enquanto o clube alega que quer ver esclarecias alegadas irregularidades e o presidente em funções diz estar à espera que lhe digam se sai ou se fica.

“Apelo à instituição que rege o futebol nacional, que é a federação, que ponha efetivamente a legalidade neste processo ridículo e vergonhoso”, declarou à agência Lusa António Ramos, que alega que a instituição está a funcionar “ilegalmente”.

A Assembleia Geral deixou de ter quórum depois das demissões, incluindo do presidente, que se seguiram à providência cautelar, que foi já alvo de duas decisões judicias e aguarda uma terceira.

António Ramos entende que se trata de “um caso omisso que nunca aconteceu no futebol nacional” e, por isso, “a Federação Portuguesa de Futebol deverá repor toda a legalidade na instituição”.

“Há interesses particulares de alguns elementos e nós podemos provar isso. Há uma acumulação de cargos que alguns diretores e funcionários têm na associação, ou seja, isto é um ciclo vicioso que está instituído na associação há muitos anos e que, felizmente, os clubes optaram para que houvesse uma mudança radical”, apontou.

O presidente do GDB, Manuel Martins, rejeita ligações a qualquer uma das listas e afirmou à Lusa que vai “fazer os recursos que forem precisos” porque continua “com a ideia de que houve irregularidades”.

“Nos na altura metemos uma providência cautelar porque havia irregularidades nas duas listas. Há clubes que não estavam legalmente em condições para ir a votos e foram”, concretizou.

Para o presidente do GDB “quem tem de decidir é o tribunal e o tribunal é que vai decidir se vai haver eleições, se vai tomar posse, se não vai”.

Também o presidente ainda em funções, Jorge Nogueira, rejeita estar “agarrado ao lugar” e entende que até está “a fazer um favor” à associação ao manter-se em funções até ser dado um desfecho àquilo que se está passar.

Jorge Nogueira está há 46 anos na Associação de Futebol de Bragança, ocupando diferentes cargos, e, embora se tenha recandidatado à presidência e tenha perdido, afirmou que, aos 80 anos, já não aspira a nada.

“Não me custa sair, mas os clubes, alguns deles, foram ingratos, mas não obsta a que eu saia de cabeça erguida da associação de futebol de Bragança”, declarou.

Nas eleições de há nove meses votaram 27 dos 28 sócios, perfazendo 77 votos.

A lista A, de Jorge Nogueira, obteve 35 votos e a lista B, de António Ramos, 42.