O antigo diretor clínico do Sporting Frederico Varandas considerou hoje que o presidente do clube tem sido negligente na forma como tem lidado com as rescisões de futebolistas, e voltou a pedir a sua demissão e eleições antecipadas.
“Gostava de perceber o que é que o presidente Bruno de Carvalho fez no último mês para evitar as rescisões”, disse Frederico Varandas, considerando houve negligência, uma vez que em vez de se esforçar para resolver a questão, o líder ‘leonino’ desafiou os jogadores.
Frederico Varandas, que se demitiu em 24 de maio e já se mostrou disponível para ir a eleições, questionou: “O presidente fez alguma coisa para unir? Falou com os jogadores como os homens fazem, olhos nos olhos?”.
“Um presidente tem sempre que garantir os interesses do Sporting acima dos seus interesses individuais”, disse Frederico Varandas, um dia depois de terem sido anunciadas as rescisões unilaterais de Gelson, Bruno Fernandes, Willliam Carvalho e Bas Dost, que se juntaram às já apresentadas por Rui Patrício e Podence.
O médico, que estava com a equipa em Alcochete em 15 de maio quando um grupo de indivíduos encapuzados agrediram futebolistas e elementos do ‘staff’ técnico, acusou o presidente de “comunicar com os jogadores via conferencia de imprensa, e sempre a desafiar, criticar e ameaçar”.
“Vi Bruno de Carvalho muito ativo em querer alterar estatutos e aumentar o seu poder, quando onde ele realmente podia aumentar o seu poder era evitando as rescisões”, afirmou Frederico Varandas.
O antigo diretor clínico dos ‘leões’ considerou que a única maneira de devolver a dignidade ao Sporting é a demissão de Bruno de Carvalho e a convocação imediata de eleições”.
Admitindo que neste momento vê “um clube sem órgãos sociais, sem treinador e com um jogador da equipa titular”, Frederico Varandas garantiu que mantém total confiança na Mesa da Assembleia Geral (MAG).
A crise no Sporting teve origem na perda do segundo lugar do campeonato, na última jornada, para o Benfica e acentuou-se dias depois, em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns futebolistas e elementos da equipa técnica, com a GNR a deter 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva.
Na sequência destes incidentes, os futebolistas Rui Patrício e Daniel Podence apresentaram a rescisão por justa causa, em 01 de junho, o treinador Jorge Jesus rescindiu por mútuo acordo para assinar pelos árabes do Al Hilal, e na segunda-feira, mais quatro jogadores rescindiram unilateralmente.
Depois destes acontecimentos, a maioria dos membros da Mesa da Assembleia Geral (MAG) e do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da Direção apresentaram a sua demissão, defendendo que o presidente Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
Após duas reuniões dos órgãos sociais, o presidente demissionário da MAG, Jaime Marta Soares, marcou uma Assembleia Geral para votar a destituição do Conselho Diretivo (CD), para 23 de junho – sobre a qual foi interposta uma providência cautelar para a sua realização pela MAG que foi indeferida liminarmente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa - e criou uma comissão de fiscalização para evitar o vazio provocado pela demissão da maioria dos elementos do CFD.
O CD do Sporting decidiu substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma Comissão Transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, análise da situação do clube e para esclarecimento aos sócios e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho.
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