O antigo presidente do Comité de Governação da FIFA Miguel Poiares Maduro criticou hoje a “opacidade” das organizações que tutelam o futebol mundial, nomeadamente FIFA e UEFA, imputando-lhes um sistema de cartelização.

“É praticamente impossível que o futebol se consiga reformar a si próprio. Há uma lógica de cartel que não se consegue combater dentro do próprio cartel. Há uma ‘cartelização’ do sistema, associada uma enorme centralização do poder e sem escrutínio”, declarou o antigo ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional no Executivo de Passos Coelho, entre 2013 e 2015.

Para o professor universitário, a experiência pessoal na FIFA “não foi bem-sucedida” e esse passado acabou por consolidar o seu pessimismo para a reforma do futebol mundial. Miguel Poiares Maduro foi mais longe e defendeu uma intervenção externa da União Europeia (UE) para conseguir resultados efetivos na criação de uma modalidade mais justa e competitiva.

“A reforma do futebol terá de ser imposta externamente. Só a UE é que tem capacidade negocial para impor um modelo de regulação. Entendo que o melhor era a criação de uma agência independente para garantir que as organizações do futebol atuam conforme os princípios de boa governança. É a única esperança que tenho para uma reforma do futebol. Fora da UE dificilmente assistiremos a uma reforma efetiva”, sublinhou.

Paralelamente, o antigo ministro confessou a existência de “pressões políticas” e de “compra indireta de votos” nas mais variadas eleições dos órgãos que constituem o organismo presidido por Gianni Infantino. Consequentemente, atribuiu à sua vontade de mudar comportamentos a brevidade da passagem pelo cargo, no qual ficou apenas oito meses.

“É um regime com regras, mas sem comunidade de direito. As estruturas de governo do futebol continuam herdeiras do movimento associativo tradicional”, disse, justificando o fim precoce do seu mandato com a decisão de afastar o russo Vitaly Mutko do Conselho da FIFA: “Uma das razões para o meu mandato ter sido tão curto teve a ver, certamente, com a decisão de afastar o então vice-primeiro-ministro da Rússia”.

Confrontado também com o anunciado projeto de uma Superliga europeia, que poderá vir a reduzir a expressão dos clubes portugueses nas provas internacionais, Miguel Poiares Maduro lamentou que os sinais de mudança apontem todos para a criação de uma liga fechada ou semifechada, entendendo que isso vai aumentar ainda mais o fosso competitivo.

“Os incentivos vão todos no sentido de reforçarem as competições internacionais e caminharmos no sentido de ligas europeias fechadas e semifechadas, que vão ser extremamente negativas para o Sporting e para os outros clubes portugueses. É preciso redistribuir e proteger, mas está a ir no sentido contrário. É muito mau também para a competitividade interna do campeonato nacional”, concluiu.

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