O FC Porto recebe, este sábado, o Benfica, em jogo da 20.ª jornada da Primeira Liga. Os 'dragões' estão obrigados a vencer para encurtar para quatro pontos a distância para os campeões nacionais, líderes destacados da prova. Um empate deixará tudo na mesma mas um triunfo do Benfica poderá significar o adeus do FC Porto ao título, já que ficaria a dez pontos da liderança, mesmo que fique a faltar 14 jornadas até ao final.
Para Gaspar Ramos, a pressão extra colocada no FC Porto pode ser uma vantagem para as 'águias', "dadas as características do jogo do Benfica".
"O FC Porto vai ter de correr para ganhar o jogo e, por isso, terá de apostar mais no ataque, exatamente aquilo que o Benfica normalmente pretende: chamar os adversários para depois poder sair em ataque rápido, uma das suas armas", afiançou.
Em entrevista telefónica ao SAPO Desporto, o antigo vice-presidente do Benfica desvaloriza as dificuldades sentidas pelos campeões nacionais nas últimas duas vitórias na Luz, onde sofreram quatro golos: 3-2 ao Belenenses SAD para a I Liga e o mesmo resultado frente ao Famalicão, na primeira-mão das meias-finais da Taça de Portugal.
"Os jogadores já tiveram exibições muito agradáveis, mas neste momento a equipa tem tido um rendimento mais deficitário. A estrutura tem de avaliar e ver o que está bem e o que está menos bem e o que é possível repor de modo a equipa voltar a produzir de acordo com a valia dos seus jogadores. O nosso plantel é equilibrado, é o melhor a nível nacional, mas também não podemos esperar que o Benfica faça exibições excepcionais a todo o momento até porque, hoje, as equipas adversárias também já sabem contrariar-nos", explicou.
Os 'encarnados' têm vindo a recuperar terreno em relação ao FC Porto e o Estádio do Dragão, um terreno onde o Benfica costumava ter muitas dificuldades, já não é nenhum 'bicho papão'. Desde 2015 que o Benfica não perde em casa do FC Porto para o Campeonato. O crescimento das 'águias', em contraste com os 'dragões', explica estes resultados.
"Temos de reconhecer que o Benfica tem tido boas equipas ultimamente. Consolidamos uma hegemonia no plano nacional onde perdemos um campeonato em seis. O FC Porto tem tido uma redução de qualidade nas suas equipas que nos permite disputar estes jogos com uma maior disponibilidade para ganhar", explicou o antigo vice-presidente do Benfica, ele que também desempenhou as funções de diretor para o futebol do clube da Luz em duas ocasiões.
Gaspar Ramos: "Benfica podia ter sido mais ambicioso no mercado"
Ao contrário do FC Porto, o Benfica esteve particularmente ativo no mercado de inverno, ao contratar o internacional alemão Julian Weigl por 20 milhões de euros, além de ter assegurado o empréstimo do avançado Dyego Souza, internacional luso-brasileiro. A SAD do Benfica optou por não contratar um central para o que resta da época, numa temporada onde tem atuado Ferro e Rúben Dias no centro da defesa. Jardel tem tido alguns problemas físicos e raramente é opção, o que poderá ser problemático para o Benfica caso algum dos habituais titulares no centro da defesa se lesione.
Gaspar Ramos é de opinião que o Benfica se mostrou pouco ambicioso no mercado já que, "de uma forma cirúrgica, se podia ter reforçado o plantel" para "estar em melhores condições de discutir a Liga Europa, algo importante no plano internacional".
"A direção atuou de acordo com aquilo que é o seu projeto. Mas posso questionar, como sócio e adepto, o porquê de não haver mais ambição, já que penso que podemos vencer a Liga Europa. Vencendo esta prova, valorizamos muito o nosso património desportivo e também humano", finalizou.
Que meio-campo no Dragão? As boas 'dores de cabeça' de Lage
Com a possível recuperação de Julian Weigl, Bruno Lage passa a ter todos os jogadores à sua disposição para o clássico no Dragão. O técnico do emblema da Luz tem várias soluções, do meio-campo para a frente, pelo que nesta altura o mais difícil é escolher. Gaspar Ramos um dos "seis milhões de treinadores de bancada do Benfica" coloca nas mãos de Lage a decisão, mas, garante, se fosse ele a escolher, Pizzi e Cervi seriam os homens das alas.
"Há jogadores neste plantel que são insubstituíveis para determinados jogos. Pizzi é importantíssimo porque baixa para defender e ataca, como o próprio Cervi, que defende extraordinariamente bem, ajudando Grimaldo. Viu-se no jogo com o Belenenses SAD, com a saída do Pizzi e colocação do Rafa, houve uma fragilidade defensiva enorme naquele lado [direito] que resultou em golos. Neste último jogo com o Famalicão viu-se a mesma situação no lado contrário, com a saída do Cervi e entrada do Rafa, ficando o lado mais vulnerável. Eu optaria sempre por colocar estes dois jogadores [Cervi e Pizzi] que atacam e defendem muito bem, o que não acontece com Rafa, um jogador excepcional mas que joga melhor atrás do avançado, de preferência. Mas há casos excepcionais, quando o treinador precisa de alterar alguma coisa, motivada pelas nuances do jogo", analisou.
Se Bruno Lage mantiver Pizzi e Cervi nas alas, é bem provável que Rafa possa entrar para fazer dupla com Vinícius na frente, ele que marcou no ano passado no Dragão. O extremo tem mostrado rendimento à frente da baliza e o técnico poderá querer tirar partido da sua velocidade para ferir o FC Porto em contra-ataque. No meio-campo, só Taarabt parece ter lugar garantido.
"O Weigl é um jogador diferente, faz transições mais rápidas, Gabriel também o faz mas prende, segura mais o jogo. O Weigl faz a transição ofensiva mais direta, é a melhor alternativa [para jogar ao lado de Taarabt]. O Taarabt é um jogador que dinamiza a equipa, às vezes de cabeça no ar, mas não tendo um outro super, a melhor opção no meio-campo será Weigl-Taarabt", acrescentou o antigo dirigente dos 'encarnados'.
O FC Porto - SL Benfica, da 20.ª jornada da I Liga, está marcado para às 20h30, deste sábado, no Dragão.
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