Catio Baldé concedeu uma entrevista ao jornal Record, onde denuncia esquemas montados por escritórios de advocacia em Portugal para cobrar direitos de formação na FIFA. O empresário de Bruma refuta a ideia de estar associado a ilegalidades e abandono de jogadores e ´dispara` contra o advogado João Manteigas, especialista em direito desportivo e Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol.

"Alguns escritórios de advogados hoje em Portugal não têm outra missão - estão atentos à transferência de um jogador e, quando é africano, procuram documentos para ´sacar` dinheiro na FIFA. [João Manteigas] quis patrocinar os processos do Bruma, do Agostinho Cá, do Edgar Ié, do Amido Baldé e todos os outros. Pediu aos amigos dele que forjasse documentos na Guiné [Bissau]. Quando ele fala nos ´Catio Baldés` desta vida, deve ter uma grande dor de cotovelo porque quis entrar no negócio do Bruma, pediu-me para convida-lo como advogado e eu nunca o fiz. Para a próxima denuncio os falsos moralistas ... [que] ... ganharam milhares de euros com conselhos de porcaria e, no fim, não aconteceu nada. Encheram o bolso", acusa Catio Baldé.

O empresário "atacou" ainda Joaquim Evangelista que falou em tráfico humano no futebol. Baldé diz não ser crime trazer um jovem de África para tentar a sua sorte no futebol europeu. E deu o exemplo de Bruma.

"Será que o [Joaquim] Evangelista sabe que o Cristiano Ronaldo foi trazido para Lisboa com 11 anos? Ele que vá as academias. A diferença é que são portugueses e estão em Portugal. Porque é que um jovem africano não pode ser tratado da mesma forma? É crime trazer para Portugal um miúdo como o Bruma, que não sabia ler nem escrever? Hoje é jogador de futebol e acaba de construir uma casa de 150 mil euros para a mãe e uma família numerosa", atirou Baldé, que deixou ainda mais recados a Joaquim Evangelista.

"Quando [Joaquim Evangelista] ele fala em abandono, que não esqueça Saná Camará, ex-jogador do Benfica e da seleção de sub-20 de Portugal, que jogou o Mundial da Colômbia. Há quatro anos assinou por cinco épocas com o Valladolid. Teve dificuldades de adaptação e quis rescindir. O Sindicato [dos Jogadores Profissionais de Futebol] aconselhou-o a rescindir. Perdeu, foi condenado pela FIFA, está com um processo de dois milhões de euros. O Evangelista, o homem contra o tráfico e abandono de jogadores, abandonou o miúdo. Foi o responsável número 1", acusou Catio Baldé, na entrevista que pode ser lida na edição desta sexta-feira do jornal Record.