Augusto Inácio deu uma grande entrevista à edição desta segunda-feira do jornal OJogo, onde falou, entre outros, da diferença entre os ´três grandes` para os demais clubes do futebol português.

Inácio comentou as declarações de Manuel Machado, que se queixou das diferenças entre ´pequenos` e ´grandes` após ser derrotado pelo FC Porto. O antigo técnico do Sporting entende que as palavras de Machado foram proferidas "no contexto de alguma frustração por querer ter mais jogadores, mais qualidade", lembrando que é possível bater o pé aos ´grandes`.

"Na Taça da Liga ganhámos [n.d.r. Moreirense] ao FC Porto e ao Benfica porque eles facilitaram, deixaram andar. Porque ganhamos um jogo em dez, certamente. É possível moer o juízo aos grandes e às vezes há surpresas", atirou.

Para diminuir o fosso entre os ´grandes` e os ´pequenos` do futebol, Augusto Inácio sugere a "centralização dos direitos televisivos", "limitar o número de inscrições por clube", de modo a que clubes como Benfica, FC Porto e Sporting não possam emprestar "vinte jogadores a clubes da Liga".

Na entrevista ao jornal OJogo, Augusto Inácio denunciou um "jogo de interesses [nos empréstimos] que depois tem impacto nos votos e decisões em sede da Liga". E dá um exemplo.

"Se [os pequenos] votam contra [os grandes] não recebem emprestados... Seja que clube for, o vício é tanto que quando se empresta é a clubes ´amigos`", atirou.

Uma outra medida passaria por uma mudança no dirigismo português, a começar nos presidentes dos ditos clubes pequenos. Para Inácio, falta coragem.

"Aos pequenos falta-lhes tomates. Basta ver a polémica do cigarro eletrónico: o Benfica propôs o tema a votação, contra Bruno de Carvalho, e os pequenos não votaram. Ninguém tem voz para dizer se concorda ou não? Se isto não é subserviência e medo, o que é? Por isso digo que faltam tomates ao dirigismo dos pequenos. Têm medo, comem a sua sopinha e por isso as coisas andam como andam. Os pequenos seguem a voz dos grandes, ninguém sabe o que eles sentem genuinamente, têm medo de represálias", explicou.