Um grupo composto por ex-futebolistas, dirigentes e associados do Boavista homenageou hoje os 20 anos do inédito título de campeão da I Liga, num jantar de celebração em Lavra, no concelho de Matosinhos.

“Quando cheguei ao clube em 1984, disse que queria ser campeão no Boavista. Era um sonho que alimentava, mesmo sendo imensamente difícil. As pessoas não acreditavam e até diziam que era maluco. O sonho foi-se desenrolando e lá culminou no primeiro campeão do século”, contou Alfredo Castro, treinador-adjunto nessa época de 2000/01.

Em 18 de maio de 2001, os ‘axadrezados’ venceram o já despromovido Desportivo das Aves (3-0) e confirmaram o título a uma jornada do final, imitando o feito do Belenenses, que, 55 anos antes, se tinha intrometido na hegemonia de Benfica, FC Porto e Sporting.

“Fui para o Boavista 11 anos depois do Alfredo e tive muitos que me fizeram crescer, tal como eu os fiz, porque era irreverente, queria aprender e ser igual a eles. Essa era a mística do Boavista, feita de trabalho, empenho e dedicação, que originou um título que, dois anos antes, foi um pouco empurrado para trás”, vincou o ex-guarda-redes Ricardo.

Depois de cinco Taças de Portugal e três Supertaças, o Boavista lograva erguer o maior troféu do futebol nacional em 117 anos de história, ao contrariar todas as previsões com 23 vitórias, oito empates e três derrotas, num total de 63 golos marcados e 22 sofridos.

“Era dos mais novos quando cheguei e havia pessoas com vários anos disto, como Alfredo, Rui Casaca, Jaime Pacheco, Caetano ou Pedro Barny, entre outros, que me acolheram bem e tinham um espírito muito próprio. O Boavista foi-se construindo, aumentou a exigência e fez-nos chegar onde chegámos”, juntou o ex-médio Rui Bento.

O atual selecionador português de sub-20 impunha-se como um dos elementos preponderantes no meio-campo do ‘Boavistão’, acompanhado pelo ‘trinco’ Petit e o criativo boliviano Erwin Sánchez, somando 28 jogos, os mesmos de Ricardo na baliza.

“O Boavista foi campeão em 2001, mas fez dois segundos lugares, dois quartos e andou ali muito perto, sempre a dar pontos para Portugal nas provas europeias, com uma qualidade enorme e um grupo de atletas, dirigentes e adeptos que segurava muito deste clube. Podia haver quem trabalhasse igual a nós. Mais não havia”, frisou o ex-guardião.

O título de 2000/01 foi obtido sob alçada técnica de Jaime Pacheco, ausente do tributo prestado em Lavra, tal como a maioria dos campeões nacionais, cenário que não impediu de ser lembrado como “um grande obreiro”, além do então presidente João Loureiro.​​​​

“Conseguimos algo único nas nossas vidas e na vida do clube com uma dedicação tremenda. Só tenho pena de não estar aqui o responsável direto por isto tudo. Íamos aonde ia o nosso comandante, não tínhamos folgas e treinávamos demasiado. Estou a fazer um curso de treinador e já ninguém faz o que fazíamos. É impensável”, lembrou Ricardo.

Essa época de “vai ou racha” gerou “momentos gratificantes” e acarreta um “significado tremendo” no Boavista, que atravessou obstáculos financeiros e judiciais desde então e prepara-se para jogar na quarta-feira a derradeira cartada na fuga à descida de divisão.

“É uma situação que nada tem a ver com esta alegria. Não é uma tristeza muito grande, porque agora dependemos só de nós, é muito mais reconfortante assim e talvez não tenhamos problemas frente ao Gil Vicente. Vamos trabalhar para isso. O Boavista cresce e transforma-se quando está nas situações mais difíceis”, vaticinou Alfredo Castro.

Os portuenses vão encarar a 34.ª e última jornada da I Liga na 15.ª posição, com 33 pontos, dois acima do Farense (17.º), que está em zona de descida direta, e do Rio Ave (16.º), no posto de acesso ao ‘play-off’ de manutenção com o terceiro colocado da II Liga.

“Vamos ter um ‘Boavistão’ de grande caráter e dimensão. A partir daqui, nos próximos 20 anos estaremos lá em cima a chatear outra vez os chamados ‘grandes’, porque também somos um grande”, afiançou o ex-guarda-redes das ‘panteras’, entre 1984 e 1998, que desempenhou funções como treinador de guarda-redes até à última temporada.

Alfredo foi o único membro da equipa técnica de Jaime Pacheco em Lavra, num jantar com limitação de participantes, devido à pandemia, no qual estiveram os também ex-internacionais Ricardo, Rui Bento e Litos e os ex-presidentes Valentim e João Loureiro.

“Amanhã [quarta-feira] é um dia muito importante para o Boavista, mais até do que hoje, porque só faz sentido aquilo que fizemos há 20 anos se o clube continuar vivo e forte e tiver um bom futuro. Do fundo do coração, desejo que tudo corra muito bem”, expôs João Loureiro, líder do emblema do Bessa em duas fases distintas (1997-2007 e 2013-2018).

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