Ainda a época vai a meio mas este promete ser um ano negro para os árbitros de futebol em Portugal. Ao todo, já se registaram 32 agressões a árbitros de futebol, oito dos quais envolvendo juízes com menos de 18 anos.

Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, reconhece que "algo não está bem".

"Temos a obrigação de eliminar estes números, que nos devem envergonhar. É preciso castigar os agressores, cumprindo os regulamentos, e não permitir que os processos se arrastem", disse o dirigente, preocupado com o número de casos que ocorrem em jogos de formação.

"Os miúdos de oito ou nove anos veem os pais com atitudes que até os envergonham", sublinhou, em declarações reproduzidas pelo jornal Record.

O aumento deste problema não pode ser dissociado com o fim do policiamento obrigatório nos jogos das competições de formação e distritais. No passado fim-de-semana, um jogador do Roriz, da Divisão de Honra da Associação de Futebol Viseu, agrediu um árbitro com um murro e um pontapé. Num jogo da Taça de Futsal entre os Reguilas de Tires e o AMSAC o jogador Zé Trindade, da equipa visitante, agrediu o árbitro Filipe Duarte (da AF Coimbra) com uma bolada na cara, depois de este o ter mostrado o cartão vermelho. O encontro terminou de imediato.

A APAF não perdeu a tempo a condenar este ato.

"A APAF expressa solidariedade para com o seu associado e árbitro Filipe Duarte, que foi vítima de uma bárbara agressão. A APAF vem assim repudiar estas ações, cada vez mais vistas no nosso país, que denigrem a modalidade do futsal e em nada se compadecem com os valores e a essência que a modalidade representa. Esperamos que o agressor seja severamente punido pelos atos cometidos, desportiva e criminalmente, para que estes atos cobardes não se repitam", desejou o organismo, em comunicado.

A época abriu com um caso que chocou o mundo do futebol em Portugal. Durante um amigável entre o Marítimo e o Tondela em julho, na pré-época, o jogador brasileiro Dyego Sousa agrediu o árbitro-assistente Eduardo Alves. Foi suspenso por nove meses pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa, recorreu e viu o seu recurso ser aceite. A pena foi suspensa e o jogador voltou a jogar. O caso está nas mãos do Conselho de Justiça (CJ) da FPF.