O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) considerou hoje que os clubes portugueses “ainda não têm razões para dizer que não podem pagar salários”, devido à paragem nas competições, motivada pela pandemia da covid-19.
“Os clubes portugueses ainda não têm razões para dizer que não podem pagar salários”, disse Joaquim Evangelista, à agência Lusa, considerando que esse cenário poderá colocar-se caso a atual situação “se mantenha por mais dois meses”.
O presidente do SJPF lembra que os clubes são empresas, e caso “cumpram todos os requisitos” podem beneficiar dos apoios anunciados pelo Governo, depois de ter declarado o estado de emergência.
“Há medidas de apoio, os clubes podem recorrer às mesmas”, disse Joaquim Evangelista, lamentando que clubes como o Desportivo das Aves, com salários em atraso desde o início do ano, se estejam a aproveitar da atual situação de pandemia.
“O comportamento do Desportivo do Aves ofende os portugueses, querem aproveitar-se de situações que nada têm a ver com o problema real”, afirmou.
Evangelista não se mostra favorável a uma eventual redução de salários devido à paragem nas competições: “Os jogadores são trabalhadores como todos nós. Ninguém está disposto a prescindir dos seus direitos”.
Joaquim Evangelista lembra que a Federação Portuguesa de Futebol criou um fundo de emergência para as competições não profissionais, e a que a Liga de clubes e o sindicato criaram “um grupo mais específico para responder a clubes com mais dificuldades”.
Além disso, Joaquim Evangelista referiu que também a Federação Internacional das Associações de Jogadores (FIFPro) “tem procurado, em conjunto com as ligas europeias, que haja um quadro uniformizado”, em relação aos problemas causados pela paragem nas competições, que afeta quase toda a Europa.
Joaquim Evangelista recordou que o próprio sindicato “tem um fundo de garantia salarial” e pede aos jogadores que “estão preocupados com questões de despejos, ou outras situações complicadas” que contactem a estrutura sindical.
Joaquim Evangelista considerou que “nestes tempos difíceis”, o futebol tem “feito a diferença”, com clubes e jogadores a doarem verbas para o combate à pandemia da covid-19, e manifestou o desejo de que a atual situação sirva “para mudar o paradigma”.
"A próxima época terá de ser olhada de outra maneira, o futebol tem oportunidade de se ajustar à realidade económica e mudar de paradigma", disse.
Em Portugal, as competições de futebol, profissional e não profissional, foram suspensas em 12 março por tempo indeterminado, devido à pandemia da covid-19, que já infetou mais de 341 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas. O país está em estado de emergência desde as 00:00 de quinta-feira e até às 23:59 de 02 de abril.
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