O ‘clássico’ entre FC Porto e Benfica, no domingo, da 24.ª jornada da I Liga, “será mais importante” para os ‘dragões’, que “normalmente crescem e transcendem-se em momentos decisivos”, direciona o ex-futebolista José Alberto Costa.

“Acredito que a posição em que todas as equipas estão neste momento só vai fazer com que o FC Porto se empenhe ainda mais, pois sabe que esta é quase a sua última chance de alimentar a esperança de ser campeão nacional. Se perder, poderá ficar em péssimas condições até na luta pelo segundo lugar, que será importante para definir o acesso às provas europeias”, frisou à agência Lusa o ex-avançado ‘azul e branco’, de 1978 a 1985.

O FC Porto, terceiro colocado, com 49 pontos, recebe o líder isolado e campeão nacional Benfica, com 58, dois acima do Sporting (menos uma partida), no domingo, às 20:30, no Estádio do Dragão, no Porto, sob arbitragem de João Pinheiro, da associação de Braga.

“Este jogo tem vários pontos de interesse, a começar pela própria estratégia do FC Porto. Será curioso verificar qual é a sua atitude inicial: se estará pressionante, não deixando o Benfica sair a jogar como gosta e levando o duelo para uma dimensão mais física, que já lhe deu bons resultados em momentos anteriores; ou se vai jogar mais numa situação de espera, em transições, de forma compacta e a tentar anular os jogadores mais criativos e fundamentais do Benfica, um bocado à semelhança do que fez com o Arsenal [no triunfo caseiro por 1-0, da primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões]”, antecipou.

Além da “diferença substancial” para os rivais lisboetas, José Alberto Costa, de 70 anos, vinca a proximidade do Sporting de Braga, quarto, com 46 pontos, que igualará de forma provisória os ‘dragões’ em caso de êxito na receção ao Estrela da Amadora, no sábado.

Apenas o vencedor da I Liga entrará diretamente na fase de grupos da próxima Liga dos Campeões, tendo mais jogos para disputar e prémios monetários superiores, enquanto o segundo classificado vai necessitar de ultrapassar duas pré-eliminatórias para lá chegar.

“Qualquer jogo com estas características poderá ser influenciado de várias formas. Basta uma das equipas marcar primeiro para elevar a importância do equilíbrio emocional, não apenas dos atletas, como das equipas técnicas. Não vai ser só [uma questão] de orgulho [para o FC Porto], mas também uma oportunidade de tentar reduzir a diferença”, notou.

Campeão nacional pelos ‘dragões’ em 1978/79 e 1984/85, o ex-internacional português discorda que haja favorito no ‘clássico’, ao qual o FC Porto “chegará algo limitado, face a lesões recentes”, com o Benfica a mostrar-se “mais à vontade e num momento positivo”.

“Uma coisa é utilizar um jogador já com provas dadas e uma carreira consistente, outra é apostar em jovens que ainda estão em fase de afirmação. O FC Porto tem alguns jovens que não se mostram suficientemente consolidados para poderem manter um rendimento uniforme. A sagacidade do Sérgio Conceição disfarça algumas insuficiências”, observou.

José Alberto Costa acredita que o clube “até podia estar numa situação bem pior” se não tivesse preservado o mesmo treinador há sete épocas seguidas, mesmo que haja “algum desgaste em torno da sua figura”, quando restam cerca de dois meses para o presidente Pinto da Costa enfrentar a concorrência de André Villas-Boas e Nuno Lobo nas eleições.

“É natural que esse momento pré-eleitoral possa mexer um pouco com o grupo. Se não é a primeira vez, é das poucas vezes ao longo de 40 anos em que a tensão está no ar e há uma possibilidade de mudança. Este ‘clássico’ pode vir a ser decisivo [para o futuro do FC Porto], em função das partidas que vão existir nas próximas duas semanas e que podem ditar condições diferentes para o futuro daquelas que aconteceram no passado”, alertou.