O juiz de instrução Carlos Delca, responsável pelo processo do ataque à Academia de Alcochete, decidiu esta quinta-feira renovar a prisão preventiva dos 38 arguidos na investigação ao ataque à equipa de futebol do Sporting, em Alcochete.
O prazo para a acusação manter as prisões preventivas terminou esta quarta-feira, mas após a decisão do juiz, os suspeitos continuarão a aguardar julgamento na prisão.
No despacho a que a Lusa teve acesso, o juiz Carlos Delca dá conta da constituição do Sporting como assistente do processo e que se mantêm os motivos que levaram à aplicação desta medida de coação.
"Resultam inalterados os pressupostos de facto e de direito que determinaram a sujeição dos arguidos a prisão preventiva pelo que não é necessário proceder à audição dos mesmos", lê-se no documento.
Os 38 arguidos são acusados de 56 crimes: um crime de terrorismo, 12 de ofensas à integridade fisica agravadas, 20 de ameaças, 20 de sequestro, dois de dano agravado, e um de posse de arma proibida.
Em 15 de maio, a equipa de futebol do Sporting foi atacada na Academia do clube, em Alcochete, por um grupo de cerca de 40 alegados adeptos encapuzados, que agrediram técnicos, jogadores e ‘staff’.
A GNR deteve no próprio dia 23 pessoas e efetuou, posteriormente, mais detenções, que elevaram para 40 o número de arguidos.
O antigo oficial de ligação aos adeptos (OLA) do clube Bruno Jacinto está entre os arguidos presos preventivamente, sendo acusado de autoria moral do ataque, tal como o ex-presidente do Sporting Bruno de Carvalho e o líder da Juventude Leonina Mustafá.
Aos arguidos, que participaram diretamente no ataque, o MP imputa-lhes a coautoria de crimes de terrorismo, 40 crimes de ameaça agravada, 38 crimes de sequestro, dois crimes de dano com violência, um crime de detenção de arma proibida agravado e um de introdução em lugar vedado ao público.
O ataque motivou o pedido de rescisão unilateral de contrato de nove futebolistas, alegando justa causa, alguns dos quais recuaram na decisão e continuam a representar os ‘leões’, e lançou o clube lisboeta em uma das maiores crises institucionais da sua história.
Daniel Podence, Gelson Martins, Ruben Ribeiro e Rafael Leão, mantêm-se em litígio com o clube. William Carvalho e Rui Patrício acordaram os valores para a sua saída, enquanto Bas Dost, Bruno Fernandes e Rodrigo Battaglia voltaram atrás na decisão de abandonar o clube.
Bruno de Carvalho, que à data dos acontecimentos liderava o Sporting, foi destituído em Assembleia Geral em 23 de junho e impedido de concorrer às eleições do clube de Alvalade, das quais Frederico Varandas saiu como novo presidente.
O ex-presidente do Sporting saiu em liberdade na última quinta-feira, depois de ter sido interrogado no Tribunal do Barreiro na passada quarta-feira, com o juiz Carlos Delca a impor como medida de coação apresentações diárias aos órgãos de polícia criminal, além do pagamento de uma caução no valor de 70.000 euros.
Bruno de Carvalho está indiciado no processo de ataque à academia por 57 crimes: um de terrorismo, 20 de sequestro, 20 de ameaça agravada, dois de detenção de arma proibida, 12 de ofensa à integridade física qualificada e dois de dano com violência.
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