Júlio Magalhães, ex-diretor do Porto Canal, foi ouvido na passada quarta-feira em tribunal no âmbito do processo dos emails do Benfica publicados por aquele canal televisivo. No seu depoimento, o jornalista nega qualquer responsabilidade na divulgação desses mesmos emails, afirmando que tal era competência do FC Porto.

"Aquilo era da responsabilidade do FC Porto e não passou por mim. Eu geria os outros 90 por cento da grelha do canal. Eles tinham autonomia própria e eu não tinha interferência", referiu Júlio Magalhães.

O agora jornalista da CNN Portugal foi questionado acerca da possibilidade de, enquanto diretor do canal, poder suspender o programa utilizado para divulgar o conteúdo dos emails; Júlio Magalhães afirmou que pouco ou nada podia alterar, e que também tal não lhe ocorreu fazer qualquer mudança pois julgava que havia contexto legal na divulgação pública dos emails.

"Não podia fazer nada. Não tinha autonomia. Não podia censurar nada e nem sequer ponderei isso, porque nunca me passou pela cabeça que aquilo não estivesse calcificado juridicamente", afirmou o jornalista.

Peante a hipótese, colocada por parte do Ministério Público, de um cenário onde o antigo diretor do Porto Canal interferisse ou travasse aquele processo de divulgação dos emails, Júlio Magalhães afirmou que, se tal acontecesse, ele demitia-se ou seria demitido, enfatizando o facto de que o próprio não tinha qualquer responsabilidade no assunto.

Olhando para a razão pela qual os emails foram publicados, o jornalista reconhecia interesse público no caso, e não olhava para a divulgação como um ataque ao Benfica, mas antes a determinados indivíduos.

"Tinha interesse público, claro. Visava alegadas más práticas, práticas que não eram éticas, de pessoas ligadas ao fenómeno desportivo e que poderiam alterar a verdade desportiva. Não visava o Benfica, mas algumas pessoas. Vi importância pública no que era divulgado.  Se há outras questões, se truncaram emails, não sabia. Não tinha acesso a eles para perceberem se isso aconteceu ou não.. Só sabia posteriormente. Nunca interferi nos conteúdos do FC Porto. Era algo com dimensão nacional. Não achava que fosse penalizante para o Benfica, mas para as pessoas que cometiam os crimes", declarou.

Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, Júlio Magalhães e Diogo Faria, são acusados de crimes de violação de correspondência e acesso indevido.