O magistrado que aplicou prisão preventiva a 36 agressores envolvidos na invasão à Academia do Sporting falou pela primeira vez no líder da claque Juventude Leonino num despacho em que refere que os arguidos provocam "situações de guerrilha urbana e ataques em grupo".

De acordo com o jornal Correio da Manhã de hoje, o juiz de instrução criminal do Barreiro, Carlos Delca, apontou o líder da Juventude Leonina, Nuno Miguel Mendes, mais conhecido na claque por Mustafá, como sendo suspeito depois de aplicar a prisão preventiva a 36 agressores que invadiram a Academia do Sporting em Alcochete.

No despacho a que o referido jornal teve acesso, o magistrado refere-se à claque leonina como sendo uma "estrutura de âmbito nacional e carácter de permanência que foi liderado até outubro de 2016 pelo arguido Fernando Barata e a partir daí pelo suspeito Nuno Miguel Mendes, mais conhecido por Mustafá.

Ainda de acordo com o juiz de instrução criminal do Barreiro, o líder da Juventude Leonina é associado às agressões em Alcochete numa parte do despacho em que aplica a prisão preventiva aos agressores e é feita a contextualização do ataque aos jogadores e equipa técnica do Sporting.

"Os arguidos já presos perfilham ideias totalmente incompatíveis com o espírito desportivo, exaltam à violência no desporto e atuam sempre integrados na Juve Leo liderada pelo suspeito Nuno Miguel Mendes (Mustafá) com o propósito de concretizarem ações violentas contra número indeterminado de adeptos de clubes rivais, geralmente na via pública, provocando situações de guerrilha urbana, ou seja, ataques em grupo, criando assim um clima de terror e pânico nos dias de jogos", pode ler-se no despacho do juiz de instrução criminal do Barreiro.

No referido despacho, o magistrado do Tribunal do Barreiro nunca separa os incidentes graves na Academia de Alcochete do modo de atuação da claque e refere mesmo que "resulta da prova produzida que os arguidos, unindo esforços e combinando estratégias com, pelo menos, os demais arguidos já presos, organizaram, com outros elementos do grupo, Juve Leo, uma deslocação à Academia do Sporting em Alcochete.

Juiz de instrução criminal do Barreiro dá o exemplo da 'invasão' ao Estádio do FC Porto de 2014

No mesmo despacho, Carlos Delca refere-se à invasão de um grupo de adeptos do Sporting ao Estádio do Dragão em 2014 como um dos exemplos de distúrbios públicos provocados pela mentalidade 'ultra' e frisa o silêncio  da direção liderada por Bruno de Carvalho para criticar este tipo de comportamentos.

"Aconteceu com a 'invasão' do Estádiod o Futebol Clube do Porto, cuja ação é característica da cultura ultra, conhecida das autoridades por métodos idênticos aos da guerrilha urbana, ou seja, ataques em grupo, utilizando tochas, paus, garrafas e pedras, com o propósito de agredirem grupos rivais e face à aproximação das autoridades policiais, fuga rápida do local, deixando para trás um rasto de violência e adeptos feridos", lê-se no despacho de Carlos Delca.

O magistrado aponta ainda que, "esta escalada de violência nunca foi criticada, pelo menos publicamente, pelo Conselho Diretivo do Sporting Clube de Portugal, sendo certo que a Juve Leo é um grupo organizado de adeptos, apoiado e reconhecido pelo Clube".