O consultor desportivo Luís Campos distinguiu hoje qualidades em Sérgio Conceição e Rúben Amorim, treinadores de FC Porto e Sporting, respetivamente, para evoluírem as suas carreiras fora da I Liga portuguesa de futebol.
“O Sérgio Conceição já está num grande clube, que tem uma história fabulosa no futebol mundial. Não conheço as suas pretensões, mas é um treinador que admiro muito e tem, juntamente com a sua equipa de trabalho, uma qualidade extraordinária. Sei que ainda tem mais dois anos de contrato com o FC Porto e espero que reflita neste período. Deve ter muitas possibilidades, pois continua a fazer um trabalho espetacular, mas aquilo que lhe desejo é a maior sorte do mundo e que continue a tomar boas decisões”, afiançou.
Luís Campos falava à comunicação social à margem do 16.º Congresso Internacional de Futebol, que decorre entre segunda-feira e hoje na Universidade da Maia, onde dissertou durante mais de uma hora sobre a temática “Futebolista de hoje e conquista do futuro”.
“Foi uma vitória super merecida [do FC Porto na I Liga], com futebol de muita qualidade e sentido coletivo. O Sérgio Conceição fez um trabalho brilhante nesse aspeto. A alma do FC Porto também sempre foi muito forte e ligada ao sentido coletivo. O FC Porto venceu bem mais um campeonato, porque, em termos coletivos, foi claramente a equipa mais forte, com individualidades extraordinárias que o treinador soube fazer somar”, agregou.
Sérgio Conceição tem sido veiculado pela imprensa como um dos potenciais sucessores no comando dos franceses do Paris Saint-Germain do argentino Mauricio Pochettino, vencedor de um campeonato, uma Taça de França e uma Supertaça em duas épocas.
Outro nome apontado é o de Rúben Amorim, que, de acordo com o diário ‘Le Parisien’, seria mesmo a escolha prioritária de Luís Campos, que deverá ser oficializado em breve como diretor desportivo dos campeões gauleses, sucedendo no cargo ao brasileiro Leonardo.
“O Rúben Amorim fez uma demonstração clara do seu enorme potencial nos últimos três ou quatro anos em Portugal. Junto com a sua equipa de trabalho, desenvolveu muito o Sporting em vários aspetos. Foi campeão de forma justa em 2020/21 e foi a equipa que esteve mais próxima do FC Porto em 2021/22, com futebol de grande qualidade. Aposta para o PSG? Têm de fazer essas questões mais aos treinadores do que a mim”, atirou.
Luís Campos, que treinou Gil Vicente, Vitória de Setúbal, Varzim e Beira-Mar na I Liga, endereçou também as “boas-vindas” ao técnico alemão Roger Schmidt, que chegou na manhã de hoje a Portugal para rubricar um contrato de duas temporadas com o Benfica.
“Espero que saia um dia com um contributo muito positivo, não só para o seu clube, mas, sobretudo, trazendo aquilo que qualquer estrangeiro deve trazer quando está a trabalhar noutro país. Isto é, coisas novas, que ajudem a crescer como clube e a refletir sobre as ideias que coloca em campo. No fundo, que acrescente algo. Ele tem um currículo muito rico para isso e espero que possa aportar momentos bons ao futebol português”, apelou.
Mentor dos projetos que levaram Mónaco (2016/17) e Lille (2020/21) a serem campeões franceses frente ao poderoso Paris Saint-Germain, Luís Campos admite que os clubes nacionais estão “menos potentes” nas provas europeias, mesmo tendo “crescido muito”.
“Gostava que Portugal pudesse chegar mais vezes mais longe na Liga dos Campeões, mas o lado económico faz muita diferença. A capacidade de compra condiciona muito a prestação das grandes equipas, mas os portugueses sempre foram muito criativos e irão encontrar o melhor caminho para voltarem a ser mais competitivos. Alguns dos grandes jogadores do futebol mundial passaram cá quando se fazia verdadeiro ‘scouting’”, notou.
Lembrando que a pandemia de covid-19 “teve muita força” no impacto sentido pelo setor, o consultor dos turcos do Galatasaray e dos espanhóis do Celta de Vigo durante 2021/22 acredita que a seleção nacional “vai fazer um grande campeonato do Mundo”, suportada em “atletas fantásticos” e num treinador “que já provou ser bastante experiente e capaz”.
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