No Dragão continua a mandar o Dragão. O FC Porto disputou esta semana dois jogos no seu reduto - curiosamente ambos duelos entre 'azuis' - e voltou a demonstrar a grande diferença que continua a existir entre o rendimento perante adeptos 'azuis-e-brancos' e em terreno alheio.

Mesmo perante uma plateia bem mais modesta do que no duelo com o Chelsea - pouco mais de 36 mil adeptos -, a equipa de Julen Lopetegui voltou a exibir a qualidade de construção de jogo e eficácia defensiva que, até agora, só faltaram nas viagens aos Barreiros, a Kiev e a Moreira de Cónegos. No Dragão, o FC Porto disputou cinco jogos e venceu todos, marcando 12 vezes e concedendo apenas um golo.

O duelo com o Belenenses viria a resultar no triunfo mais expressivo deste arranque de temporada, mas o nó ainda demorou a desatar para os 'azuis-e-brancos'. A equipa de Sá Pinto demonstrou pouca vontade de ceder e conseguiu segurar o empate a zero durante todo o primeiro tempo, mas acabou por acusar a fadiga resultante da semana europeia, uma realidade a que ainda se está a habituar, e deixou a Invicta com uma derrota pesada.

Para quebrar a barreira dos 'azuis' do Restelo muito ajudaram os corredores da equipa de Lopetegui, com Brahimi e Corona em destaque nas alas. O argelino, que atravessa um bom momento de forma, aliou a sua inegável qualidade técnica à eficácia na criação de jogadas e foi determinante para o desfecho do encontro. Depois de já muito se ter aproximado do golo no primeiro tempo, com destaque para um remate em jeito ao ferro de Ventura, foi ele quem pintou a jogada que Corona viria a concretizar. Logo de seguida, recebeu um cruzamento de Maxi e voou em direção à bola para inscrever o seu nome no marcador.

Do outro lado do campo, porém, também não faltou talento. A técnica de Jesús Corona também não engana. O mexicano esteve também ele endiabrado e deu sempre muito trabalho a Geraldes, tal como Brahimi a João Amorim. Marcou o seu quarto golo e juntou-se já a Aboubakar como melhor marcador dos portistas no campeonato.

Com os golos construídos a partir das alas o jogo ficou mais fácil para a equipa de Julen Lopetegui, que marcou ainda mais dois golos para garantir o triunfo folgado. O primeiro golo de Osvaldo serve como fonte de motivação para um jogador que terá dificuldades em sair da sombra de Aboubakar - que esteve numa invulgar 'noite não' -, mas que ainda assim quererá aproveitar as oportunidades que lhe forem concedidas.

E porque nem só os goleadores fazem as equipas, também Rúben Neves deixou o Dragão com motivos para sorrir. Com apenas 18 anos de idade, o médio portista envergou pela primeira vez a braçadeira de capitão após a saída de Maicon. A escolha de Lopetegui não passou despercebida a ninguém e demonstra a importância que Rúben assume já para os adeptos portistas, que o veem como capitão do futuro. Isto é, se não aparecer um qualquer 'tubarão' a levá-lo para novas paragens.

Apesar dos três pontos e da margem da vitória, Lopetegui ficou com dois problemas por resolver. Um deles é Maicon, que saiu lesionado e deverá ficar fora das contas pelos próximos tempos, segundo as indicações do próprio treinador. Outro é Maxi Pereira, que viu o quinto amarelo no campeonato e vai falhar a próxima jornada, diante do Sporting de Braga. Sem outro lateral direito de raiz no plantel, Lopetegui será forçado a fazer uma adaptação num encontro exigente.

De resto, e voltando a reforçar o grande número de jogadores novos no plantel, Lopetegui demonstrou-se satisfeito com o triunfo e defendeu que a vantagem poderia ter chegado antes do intervalo. Sá Pinto, por outro lado, enalteceu a primeira parte realizada pelos seus pupilos, pouco tempo depois de um desgastante encontro com a Fiorentina para a Liga Europa.