O treinador do Benfica, Jorge Jesus, descartou hoje, em Luanda, qualquer ambição para ser selecionador de futebol de Portugal por preferir estar no "campo todos os dias" e não apenas "selecionar" jogadores.

"Não é a minha paixão, atualmente. Um treinador de seleção, para mim, não é um treinador, é um selecionador. Durante o ano não treina, seleciona", disse Jorge Jesus, durante uma conferência em Luanda promovida pelo semanário "Sol".

Questionado sobre uma eventual ambição na seleção nacional de futebol, o atual treinador do Benfica foi categórico: "Sem estar no campo todos os dias tenho alguma dificuldade. Agora, daqui a dez anos já sou capaz de pensar nisso. Atualmente não".

Para justificar a posição, afirma que, por falta de tempo nas seleções, quem acaba por preparar os jogadores "são os treinadores das outras equipas".

Sobre o desaire de domingo da seleção nacional no Mundial2014, Jesus considerou "normal" a derrota face à qualidade da Alemanha, mas "anormal" pela diferença no marcador (4-0), criticando os erros defensivos cometidos.

"Após a expulsão do Pepe [defesa central português] disse que ‘era bom que isto acabasse já, vamos levar três ou quatro'. Não me enganei", recordou. Ainda assim, assumiu acreditar na qualificação da seleção nacional para a próxima fase da competição durante a conferência "Futebol: A outra língua que nos une".

No plano nacional, Jorge Jesus reconheceu que teve convites para sair na nova época para equipas de países como Itália, Inglaterra, Turquia, Qatar e Arábia Saudita.

"Só num ano pagavam-me cinco ou seis vezes aquilo que recebo em Portugal. Em Portugal desconto 55 por cento do que ganho. Ou seja, mais de metade do que ganho não sei para onde vai. Mas, no país onde estou, sou um privilegiado. Ganho bem", disse Jorge Jesus, questionado nesta conferência pelo diretor do "Sol", José António Saraiva, sobre o que faz ao dinheiro que ganha no Benfica, por ser dos treinadores mais bem pagos do mundo.

Sem querer perspetivar alterações na equipa campeã nacional para a próxima época, o treinador assumiu apenas que "está focado" no Benfica e que não saiu porque "não era o momento certo".

Ainda assim, dificilmente se vê a ter uma carreira, como foi comparado, às mais de duas décadas de Alex Ferguson no Manchester United, na Inglaterra.

"Estou há cinco anos e o quinto já estava a ser muito confuso para muita gente", apontou.

Nesta viagem a Angola, além de convidado especial desta conferência do semanário "Sol", Jorge Jesus contactou com a realidade das equipas locais e confessou-se "impressionado" com a "paixão" pelo futebol dos angolanos e as condições que começam a existir.