Mais do que a disputa de pontos e a liderança do campeonato, o clássico deste domingo fica marcado por uma rivalidade na lista de melhores marcadores entre Cardozo e Jackson Martínez.

O paraguaio segue no trono com 13 golos, mas tem um colombiano a apenas dois de diferença que ameaça destroná-lo.

Van Hooijdonk e um desconhecido Pena

O SAPO Desporto recuou até à época 2000/01 e apela à memória dos amantes do futebol para que nos acompanhem nesta viagem, e se lembrem de uma luta semelhante que teve um improvável vencedor.

Van Hooijdonk (veja a entrevista ao SAPO Desporto) chegou ao Benfica rotulado de craque. Era internacional holandês, exímio marcador de bolas paradas e goleador. Fez-se pagar caro para jogar no nosso campeonato. Marcou 20 golos numa temporada, mas viu fugir-lhe o título de melhor marcador para um ilustre desconhecido: Pena.

Um brasileiro meio desengonçado vindo do Palmeiras, com um corte de cabelo curioso, mas que onde punha o pé e a cabeça fazia golos. Pelo menos assim foi no seu primeiro ano. 22 tiros certeiros no campeonato e o título de goleador.

Pena e os saudosos clássicos

Em entrevista ao SAPO Desporto, Pena, agora na “reforma”,  fez um exercício de memória para lembrar o que viveu no FC Porto.

«Foram momentos bons da minha vida e da minha carreira. Marcou a minha vida. Não só pelos golos, mas também pelas amizades que fiz, pelo que vivi naquela cidade», disse num claro tom saudosista.

E no ano em que marcou tantos golos, não podia deixar de o fazer frente ao Benfica, numa marcante vitória do FC Porto por 4-0. «Lembro sim. É sempre emocionante jogar um clássico, principalmente com a rivalidade que existe entre Benfica e FC Porto. Marcar num jogo desses é sempre muito saboroso. Consegui ganhar de uma equipa de tanta qualidade».

Quando Pena jogava pelo FC Porto, ainda o novo Estádio da Luz estava apenas no papel. Mas o ambiente do antigo estádio já era «infernal».

«Rapaz, era sempre um ambiente quente. Os adeptos estavam próximos, sempre assobiando. Havia aquela emoção, adrenalina. Ficava aquela ansiedade antes de o jogo começar».

Clássico «sem favorito»

Continua de olho no futebol português, apesar da distância. Mas por mais anos que passem, as características de um jogo como este não mudam muito.

«Ganha o clássico quem errar menos, quem conseguir segurar as emoções. É sem favorito. O clássico tem o poder de levantar uma equipa ou mandar uma equipa para baixo. Uma equipa pode estar a atravessar um bom momento, mas perdendo um clássico já põe tudo em causa. Faz parte, e por isso é sempre bom ganhar clássicos».

Um abraço prometido a Pinto da Costa

Do Porto tem saudades de quase tudo. E viajar para Portugal está nos seus planos, até porque quer dar um abraço a Pinto da Costa.

«Eu já planeei umas duas vezes ir aí. Eu tenho um apartamento no Porto. Tenho vontade de voltar e aproveitar o que não pude aproveitar enquanto jogador. Quero dar um abraço ao Pinto da Costa, uma pessoa por quem tenho um respeito muito grande».

As saudades estendem-se à Madeira onde jogou pelo Marítimo, às ordens de Manuel Cajuda, e a Braga onde foi treinado por Jesualdo Ferreira.

Reformado de futebol e debutante empresário

No início de 2012 ainda disputou o campeonato baiano pelo clube da sua terra: o Serrano Sport Club. Agora já deixou definitivamente de jogar, e a sua barriga confirma-o.

O futuro já está planeado. Em Vitória da Conquista irá abrir uma “casa de shows” de nome Dubai, e a criação de uma escolinha de futebol com o seu nome está também na calha.