Marcel Keizer, treinador do Sporting, concedeu uma entrevista ao jornal e canal de televisão do clube, onde abordou diversos temas, desde o seu primeiro título ao serviço dos 'leões' à mentalidade dos treinadores portugueses.

Taça da Liga: "Ganhámos com luta, espírito de equipa e duas vezes penáltis. Diz muito dos jogadores, do quanto querem ganhar pelo Sporting e pelos adeptos. Foi bom, deu-nos um bom empurrão, mas teve o outro lado da moeda, custou muita energia e nos jogos seguintes notámos isso."

Controlo emocional no banco: "Estou ali para analisar o jogo ao minuto, se estivesse como adepto obviamente mostraria mais emoção. Há muita coisa a acontecer, muito por fazer, por isso fico a observar. Podem não ver as emoções, mas estão lá. Tenho a família e o futebol, nada mais. É como vivo. Acordo e deito-me a pensar na equipa. É natural."

Abanão: "Já aconteceu umas quantas vezes ao intervalo. Não é algo que se faça constantemente, só no momento certo é que podes mostrar estar mesmo zangado. Mas tens de saber que podes vincar uma posição, mas os jogadores têm de continuar na segunda parte. Por isso isto sempre acontece ao intervalo. A minha ideia de futebol é jogar para os adeptos. Temos de mostrar algo aos adeptos, é uma forma de pensar o futebol, de treinar, uma filosofia. É a minha forma de pensar. Queremos ganhar e dar algo aos adeptos de que eles gostem, com muita energia, boa defesa porque sem defesa não se joga futebol, todos sabem isso. É bom ver como jogamos agora. A intenção é sempre atacar."

Carreira: "Já pensava ser treinador enquanto jogava. Aos 27 comecei a ficar mais interessado, a criar a minha filosofia, depois estudei e tornei-me treinador em categorias inferiores. Não se aprende num ano. Quando comecei havia o Cruyff, depois o Van Gaal, além dos treinadores que tive. Falei com muitos treinadores para me tornar melhor."

Mentalidade: "Percebo melhor os treinadores portugueses, mas continuo a pensar da mesma forma. Prefiro ver cinco golos que um. Mas primeiro, ganhar. Não gosto de conceder golos, mas a jogar ofensivamente..."

Plantel herdado: "É complicado sem fazer a pré-temporada, mas quem esteve antes fez bom trabalho. Foi ir passo a passo. Começámos bem, ganhámos a Taça da Liga, depois tivemos alguns problemas e agora voltámos a melhorar. Se tens muito dinheiro, podes contratar quem queres para a tua filosofia. São mais importantes os princípios de jogo, a formação tática é sobrevalorizada. Os jogadores podem fazer o mesmo em formações diferentes. O treinador pode adaptar-se aos jogadores. Comecei com a minha filosofia, houve mudanças, claro."

Academia: "É bom estar aqui, ver jovens a aparecer, vamos vendo o potencial de todos. A estrutura é boa, queremos mais jogadores da formação na equipa principal, o que é muito importante."

Aposta nos jovens: "Quando temos a possibilidade de dar minutos aos jovens jogadores temos de fazê-lo. Às vezes há momento na época em que se pode fazer isso. Noutras alturas talvez não seja possível devido à pressão e temos de deixar os jogadores mais experientes atuarem. Uma coisa é certa: numa equipa com a grandeza do Sporting apenas os melhores jogadores podem jogar. Nós estamos aqui para ganhar jogos e se entendermos que há um jogador de 16 anos que nos pode ajudar a ganhar, então não temos qualquer tipo de hesitação em colocá-lo em jogo. Além disso precisamos que a equipa seja refrescada com jogadores da formação, até porque não podemos ir ao mercado sempre que precisamos de jogadores. Felizmente para nós, o Sporting tem uma boa Academia e esperamos ver mais jovens jogadores."

Problemas em janeiro e fevereiro: "[Se pudesse recuar no tempo, haveria alguma coisa que fizesse de forma diferente?] Penso que não. Posso dizer que aprendi algumas coisas, como por exemplo que os meses de janeiro e fevereiro são muito complicados. Julgo que jogámos 23 jogos, o que é muito. No início da temporada já se sabe que o calendário está planeado desta forma e por isso precisamos de um plantel largo para cobrir todos estes jogos. Este foi um dos grandes problemas que identifiquei".

Plantel do próximo ano: "Estamos mais preparados com a qualidade. Se conseguirmos que a qualidade nos treinos aumente, o nível de jogo também subirá. Estamos a analisar os jogadores que temos no momento e os que podem chegar e esperamos construir um bom plantel para realizar uma grande temporada."